Oração de mãe devota trama alegado incendiário
03-10-2019 - 08:53
 • Renascença

O advogado do suspeito quer prova anulada por entender que se trata de violação de segredo religioso.

Um homem de 27 anos foi detido por suspeitas de atear três fogos na zona de Penedono, distrito de Viseu, depois de a sua mãe ter pedido a Santa Eufémia que o seu filho perdesse “o vício dos fogos”.

O problema, para o alegado incendiário, é que o pedido da mãe foi feito por escrito no livro que o santuário de Santa Eufémia disponibiliza para esse efeito e foi visto pelo padre, que informou as autoridades.

Segundo a edição online do Jornal de Notícias, a Polícia Judiciária fotografou a oração e está a usar a prece como elemento de prova.

O advogado do jovem já pediu para anular a prova, por entender que está perante um caso de violação do segredo religioso.

“Não pode valer tudo. Há limites para a forma como se obtém a prova no processo penal”, afirma o advogado Filipe Marques.

“Um dos limites inultrapassáveis é a matéria que envolve o sigilo religioso. Quando alguém faz um pedido nesse âmbito, está a revelar o mais íntimo que tem na alma e fá-lo no pressuposto de que fica guardado para sempre. Ainda por cima, o pedido é dirigido à Santa, nem sequer é ao padre”, diz.

O sigilo religioso costuma ser invocado para proteger o selo da confissão, ou orientações de direção espiritual entre um ministro religioso e um fiel. No Código de Processo Penal, artigo 135, refere-se que “os ministros de religião ou confissão religiosa e os advogados, médicos, jornalistas, membros de instituições de crédito e as demais pessoas a quem a lei permitir ou impuser que guardem segredo podem escusar-se a depor sobre os factos por ele abrangidos.”