​Banco de Portugal calcula que a economia cresça 2% este ano
10-10-2019 - 13:37
 • Sandra Afonso

Número é superior ao previsto pelo Governo, mas constitui um abrandamento face aos 2,4% conseguidos em 2018.

O Banco de Portugal projeta um crescimento de 2% para 2019, um número ligeiramente mais otimista do que a meta traçada pelo Governo, de 1,9%, mas um abrandamento face aos 2,4% conseguidos em 2018.

A atualização da projeção de crescimento para a economia portuguesa consta do Boletim Económico de outubro, publicado esta quinta-feira - em junho, o crescimento previsto para este ano era de 1,7%.

No Boletim Económico, o supervisor sublinha ainda que estas projeção não é comparável com as anteriores, porque a base das contas nacionais foi revista pelo Instituto nacional de Estatística.

Portugal cresce a um ritmo superior aos países do euro, mas o Banco de Portugal desvaloriza este aparente movimento de convergência com os restantes estados membros, argumentando que, nos últimos 25 anos, "o PIB per capita português não se aproximou dos valores médios observados na União Europeia".

Mais investimento, menos exportações e consumo

Influenciadas pela conjuntura externa, o crescimento das exportações nacionais deve desacelerar para 2,3%, abaixo dos 3,8% registados em 2018. Mesmo assim, as empresas nacionais deverão continuar a ganhar quota de mercado, "sobretudo nos setores do turismo e de produção automóvel." No entanto, no setor automóvel, 70% do que Portugal exporta, é primeiro importado pelo país.

As famílias também deverão desacelerar o consumo. É esperado um crescimento de 2,3%, abaixo dos 3,1% verificados em 2018. A consequência é a travagem das importações, para 4,6%, menos 1,2 pontos percentuais do que no ano passado.

Para o investimento a previsão é de um aumento, de 5,8% para 7,2%, influenciado sobretudo pela construção e pela execução de projetos de infraestruturas de grande dimensão, alguns associado a financiamento público e europeu.

Trabalho estabilizou, mas aumentou a pressão sobre salários

O Banco de Portugal prevê melhorias no mercado de trabalho, mas a um ritmo mais lento. O emprego deverá crescer 0,9%, bem menos do que os 2,3% conseguidos em 2018. A taxa de desemprego deverá recuar para 6,4%.

Com esta redução do desemprego e dos recursos disponíveis, “os salários deverão acelerar”. “As limitações na oferta de trabalho e a dinâmica da procura têm contribuído para aumentar a pressão sobre os salários”, diz o Banco de Portugal.

A inflação deverá ficar nos 0,4%, o que vai beneficiar as famílias.

O Banco de Portugal diz ainda que o objetivo orçamental de um excedente de 0,2% do PIB "parece claramente alcançável", tendo em conta que o primeiro semestre, habitualmente pior do que o segundo, já terminou com um pequeno excedente.