“CCDR não podem ser locais para mendigar fundos comunitários”
15-03-2018 - 19:12
 • Henrique Cunha

Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portugueses (CRUP), Fontainhas Fernandes, foi o convidado deste mês das “Conversas na Bolsa”.

As Comissões de Coordenação de Desenvolvimento Regional (CCDR) “não podem ser locais de gestão de fundos comunitários onde as pessoas vão, individualmente, mendigar fundos comunitários”, defende o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portugueses (CRUP) no ciclo “Conversas na Bolsa” deste mês.

Na intervenção realizada no Palácio da Bolsa, no Porto, Fontainhas Fernandes entende que as CCDR têm de voltar a ser “um local de formação de quadros”, uma vez que, atualmente, “estão esvaziadas desses quadros”.

O também reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) defende o reforço das comissões de coordenação que, se for necessário, terão “o apoio das universidades para reforçar os seus quadros”.

As CCDR “devem definir políticas de proximidade e pensar o território” e não apenas “ser vistas como mero local de gestão de fundos, onde vamos para o peditório que todos conhecemos”, disse o presidente do CRUP nas conversas organizadas pela Associação Comercial do Porto com o apoio da Renascença.

Num debate sobre “um novo ciclo de entendimento politico e o papel das universidades”, Fontainhas Fernandes começou por explicar porque é que um reitor não dedicava a sua reflexão às questões orçamentais das universidades, pois isso não “seduz neste momento”.

Portugal é um dos países “mais centralistas da Europa”

O que seduz, neste momento, o presidente do Conselho de Reitores “são duas questões da agenda política portuguesa: a questão da descentralização e a preparação do novo quadro comunitário”, dois assuntos “muito interligados”.

Fontainhas Fernandes lembrou que não foi por acaso que o primeiro encontro entre o novo líder do PSD, Rui Rio, e o primeiro-ministro, António Costa, teve como temas de agenda a descentralização e os fundos comunitários. Recordou que António Costa definiu a descentralização como “a pedra angular da reforma do Estado”.

O presidente do CRUP lamenta que “Portugal esteja ao lado da Grécia como um dos países mais centralistas da Europa e como um dos países com menor eficácia e eficiência”.

“Nós não podemos ter todos os serviços da administração centralizados em Lisboa”, quando “nos grandes países da Europa mais desenvolvidos isto está disperso em todo o território”, sublinha. Para Fontainhas Fernandes, “o melhor seria criar uma rede policêntrica de centros urbanos".

O reitor da UTAD considera urgente a aposta na inovação para se poder combater economias emergentes como a chinesa. Fontainhas Fernandes diz que “é o investimento no conhecimento que pode ajudar o país a manter-se no campeonato da competitividade”.

“Ao nível do investimento no ensino superior, Portugal está ao nível da Hungria e Roménia”, lamenta o Presidente do Conselho de Reitores.

Nascido em Guimarães, António Augusto Fontainhas Fernandes, é desde 2013, reitor da UTAD e atual presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.

Foi Presidente da Associação Ibero-americana de Toxicologia e de Contaminação Ambiental e Presidente da Escola de Ciências da Vida e Ambiente.

Fontainhas Fernandes foi o 10.º convidado das “Conversas na Bolsa”, onde debateu o novo ciclo de entendimento político e o papel das Universidades.