“Todos os dias estavam despedidos”. Estivadores lutam por contrato coletivo de trabalho
14-11-2018 - 10:54

É contra a precariedade que os estivadores estão, há mais de uma semana, parados no porto de Setúbal. As empresas já acenaram com contratos, mas só para alguns.

Os trabalhadores do porto de Setúbal exigem um acordo coletivo de trabalho. Estão “fartos da situação de precariedade”.

Segundo o presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística, os precários são “90% dos trabalhadores do porto”.

À Renascença, António Mariano adianta que, “durante o período de greve”, alguns trabalhadores têm sido “assediados, coagidos a assinarem contratos”.

“As empresas, durante 20 anos, não se lembraram deles, trataram-nos com contratos diários, todos os dias estavam despedidos e agora querem assinar contratos com alguns. Bom, nós também queremos, mas em número muito superior e não em período de greve. Isto é uma manobra claramente de coação que está a ser exercida sobre eles”, critica.

Jorge Brito, um dos estivadores em protesto, confirma a proposta: “propuseram que 30 trabalhadores assinassem um contrato e tivessem melhor qualidade de vida – não muita, mas alguma – e os outros 60 e poucos que existem neste momento ficassem no modelo que tem vigorado nestes últimos 20 anos”.

Mas estes profissionais querem mais. “O que defendemos é que o modelo tem de mudar, não pode continuar a meter só mais precários” – ou seja, exigem um contrato coletivo de trabalho.

Exportações travadas na Autoeuropa

Por causa deste protesto, milhares de carros da Autoeuropa estão parados no porto de Setúbal, à espera de seguir para exportação.

O ambiente no local é calmo, mas há milhares de carros vindos da fábrica de Palmela que não podem embarcar. Como o espaço começa a escassear, esta situação poderá levar à paragem da produção de carros.

Contactada pela Renascença, fonte da Autoeuropa diz que, para já, a laboração segue com normalidade.