Portugal em contacto com França para acolher "rapidamente" 25 migrantes do 'Ocean Viking'
25-11-2022 - 19:31
 • Lusa

A secretária de Estado da Proteção Civil realçou a "postura perfeitamente solidária" de Portugal com os países mais afetados pela crise de refugiados. Itália recusou acolher os mais de 200 migrantes do navio 'Ocean Viking'.

Portugal já está em contacto com as autoridades francesas para receber "rapidamente" 25 migrantes que estavam a bordo do navio 'Ocean Viking', resgatados no Mediterrâneo, anunciou hoje o Governo, defendendo um "compromisso muito sério" sobre a questão migratória.

"Nós estamos a trabalhar com as autoridades francesas no sentido de garantir que tudo se processe com a máxima rapidez. Há, obviamente, processos que têm que ser acautelados, há todo um trabalho de preparação e de acolhimento que está a ser feito pelas entidades com responsabilidade nessa matéria e, portanto, estou em crer que rapidamente conseguiremos receber e acolher estas 25 pessoas", disse a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas, no final de uma reunião extraordinária dos ministros dos Assuntos Internos da União Europeia (UE) e do espaço Schengen, a responsável salientou a "postura perfeitamente solidária [de Portugal] com os países mais afetados por esta questão".

"Assumimos o compromisso político de acolher 25 dos migrantes que estavam a bordo do navio 'Ocean Viking', em apoio às autoridades francesas e em estreita coordenação com estas autoridades", elencou Patrícia Gaspar.

Nesta reunião extraordinária ficou assente, de acordo com a governante, "um compromisso muito sério no sentido de se trabalhar em conjunto para reagir e para se poder enfrentar este desafio das rotas migratórias".

Os ministros dos Assuntos Internos da UE e do espaço Schengen estiveram hoje reunidos, em Bruxelas, para debater a situação em todas as rotas migratórias para e dentro da Europa e medidas comuns a adotar.

O conselho extraordinário de ministros dos Assuntos Internos, convocado pela presidência semestral checa do Conselho da UE, contou com a presença dos países terceiros que integram o espaço Schengen - Islândia, Liechtenstein, Noruega, Suíça -, e foi marcado após um diferendo diplomático entre Itália e França desencadeado pela rejeição italiana em acolher um navio de resgate humanitário.

A recente recusa do novo Governo italiano em acolher o navio humanitário 'Ocean Viking' da organização não-governamental (ONG) SOS Méditerranée, com mais de 200 migrantes resgatados no Mediterrâneo a bordo, voltou a abrir a discussão sobre as questões migratórias no seio da UE.

Os migrantes seriam posteriormente acolhidos em França, mas o caso do 'Ocean Viking' acabou por desencadear uma crise diplomática entre Paris e Roma, com as autoridades francesas a reclamarem iniciativas europeias para melhor controlo das fronteiras externas da UE.

Na reunião de hoje, a par do novo Pacto em Matéria de Migração e Asilo -- que a Comissão Europeia apresentou em 23 de setembro de 2020 -, foi debatido um recente plano de ação que inclui 20 medidas concretas para responder aos desafios da rota do Mediterrâneo Central, que abrange Itália, e para conseguir respostas conjuntas face a um aumento generalizado dos fluxos migratórios.

A Política de Asilo é a forma como a UE organiza a capacidade de resposta dos Estados-membros aos migrantes que chegam às fronteiras externas da UE e pedem asilo.

Itália é abrangida pela chamada rota do Mediterrâneo Central, uma das rotas migratórias mais mortais, que sai da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.

Mais de 50 mil pessoas morreram desde 2014 em rotas migratórias, grande parte para tentar chegar à Europa, avançou, na quarta-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Mais de metade das 50 mil mortes documentadas pela OIM aconteceram em rotas para e dentro da Europa, com o mar Mediterrâneo a reivindicar pelo menos 25.104 vidas.