PAN não exclui possibilidade de integrar nova "Geringonça"
09-05-2019 - 09:22
 • ​​Marília Freitas​ , Miguel Coelho com Renascença

O líder do partido Pessoas Animais e Natureza diz-se disponível para negociar uma solução maioritária com o PS na próxima legislatura. Em entrevista à Renascença, André Silva explica porque não vai aprovar a chamada lei dos professores.

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O PAN poderá sentar-se à mesa com o PS para apoiar um próximo Governo “perante determinadas condições”. André Silva admite que o partido Pessoas Animais e Natureza não se põe à margem “de apoiar uma solução verdadeiramente estável para o país”.

Contudo, o líder do PAN tem dúvidas de que seja possível repetir o atual acordo de governação na próxima legislatura, pelo menos, de forma estável. “Depois de um período de austeridade, onde a maior parte das reposições foram feitas, não nos parece que o PS possa acompanhar as mais profundas reivindicações da esquerda”, diz.

Mas, admite, “tudo é possível”. “Do PS já sabemos que tanto consegue fazer acordos com o PSD quando lhe dá jeito, como com os partidos de esquerda, quando lhe dá jeito. Mas na prática não é possível garantir estabilidade governativa durante quatro anos”, acrescenta.

Em entrevista à Renascença, André Silva criticou o comportamento dos partidos da esquerda e da direita no que respeita ao diploma de reposição do templo integral de serviço dos professores. Se por um lado, diz, os partidos de esquerda não conseguiram garantir a estabilidade governamental nesta matéria, por outro, “os partidos à direita venderam completamente os seus valores e ideologias” em função de ganhos eleitorais.

André Silva compreende a ameaça de demissão do primeiro-ministro, mas diz não perceber como é que isto acontece numa "Geringonça" que prometeu estabilidade governativa.

“Este processo legislativo fica marcado por uma falta de compromisso enorme por parte de todos os partidos, quer os que estão à esquerda do Partido Socialista, quer os que estão à direita, o que mancha a credibilidade destes partidos”, afirma o deputado do PAN.

O PAN não vai, por isso, aprovar a proposta de lei na votação final global marcada para esta sexta-feira. André Silva salienta que o texto final não cumpre os três princípios defendidos pelo partido: descongelamento de salários e carreiras especiais, o princípio da igualdade e a responsabilidade e sustentabilidade financeira.

O deputado concorda “em teoria” com a salvaguarda financeira proposta por PSD e CDS, mas considera que, na prática, “é uma falácia”.

Convidado no programa As Três da Manhã, numa semana em que são ouvidos os líderes partidários a propósito das eleições europeias,, André Silva traça como objetivo eleger “um eurodeputado ambientalista português” nas eleições de 26 de maio. Caso não consiga, admite, “será uma frustração”.

O Pessoas Animais e Natureza define-se como um partido europeísta, mas considera que há vários aspetos a melhorar no caminho percorrido pela União Europeia. “Queremos sentar o planeta em Bruxelas”, atira.

No que toca a propostas concretas, o PAN defende “que as energias devem ser 100% renováveis e limpas e que a União Europeia deve ser líder” nesse processo. “As metas que estão apontadas não chegam”, alerta André Silva. “A União Europeia tem que traçar novas metas no que toca a descarbonizar a economia, na mobilidade de pessoas e bens e no setor agro-alimentar”.

E neste último aspeto, o PAN contesta particularmente a atribuição de grande parte dos fundos europeus ao setor agro-alimentar, incluindo à indústria de produção animal, “que é altamente poluente”. “Não faz sentido”, afirma André Silva.

A Renascença entrevista esta semana os líderes partidários dos principais partidos concorrentes ao Parlamento Europeu. Pelo programa As Três da Manhã já passaram Assunção Cristas (CDS), Jerónimo de Sousa (PCP) e Catarina Martins (BE). Rui Rio e António Costa são os próximos entrevistados.