PCP defende que "dificilmente se pode contar com PS" a nível autárquico
15-07-2024 - 13:22
 • Lusa

Após reunião com o Livre, Paulo Raimundo defende que não é com o PS que o "programa alternativo, de rotura" pode ser concretizado, considerando que a gestão autárquica socialista é parecida com a do PSD.

O secretário-geral do PCP transmitiu esta segunda-feira ao Livre que "dificilmente se pode contar com o PS" a nível autárquico para combater políticas de direita, defendendo que o projeto da CDU tem as "respostas necessárias" e está "aberto a contribuições".

Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião que decorreu esta segunda-feira na sede nacional do PCP, em Lisboa, o secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, salientou que transmitiu ao Livre que a CDU tem "um projeto autárquico distinto de todos os outros, pelo que defende, teoriza e faz na prática", por exemplo na defesa dos serviços públicos ou da preservação da água como bem público.

Salientando que é desse "programa alternativo, de rutura" que as autarquias precisam, Paulo Raimundo defendeu que não é com o PS que esse projeto pode ser concretizado, considerando que a gestão autárquica socialista é parecida com a do PSD.

"Não sei se temos os dedos suficientes numa mão para apontar as diferenças de gestão autárquica entre o PS e o PSD. Veja-se as grandes opções de fundo para perceber que não há grandes diferenças", afirmou o líder comunista, acrescentando que "dificilmente se pode contar com o PS para ter respostas ao nível autárquico de combate à política de direita".

O líder do PCP abordou o caso concreto de Lisboa para salientar que a cidade não precisa "de uma alternativa à gestão do PSD para que se mantenha tudo fundamentalmente na mesma".

"Lisboa precisa é de uma alternativa de facto, uma cidade diferente que responda aos problemas das pessoas: isso não é possível com a gestão autárquica do PSD - como está à vista -, mas também não é possível com a gestão autárquica anterior do PS, com as provas que deu. Não é com um nem com outro, nem por um nem por outro, que nós lá vamos", referiu.

Questionado se o PCP estaria disponível para integrar uma coligação de esquerda para a Câmara Municipal de Lisboa que não incluísse o PS, Paulo Raimundo referiu que o partido considera que o projeto da CDU "contém as respostas necessárias", apesar de admitir que "não está livre de avaliação, de reformulação, de melhoramento".

"Nós seremos os primeiros a convergir para dar resposta aos problemas das populações, que é isso que compete ao poder local democrático. Isso é uma evidência: nunca foi por falta de vontade do PCP e da CDU que não houve resposta aos problemas das populações", afirmou, numa declaração em que salientou que o projeto da CDU está "aberto a contribuições de outros".

Por sua vez, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, referiu que, na reunião com o PCP, foi abordada "a importância das autárquicas", tendo ficado acordado que os dois partidos vão continuar "a conversar e a encontrar soluções sobretudo programáticas para todo o país".

Interrogada se isso significa que não ficou nenhuma porta fechada a eventuais entendimentos autárquicos, a deputada do Livre respondeu: "O objetivo desta reunião era ser sobretudo uma continuidade de uma conversa que já vem de trás, mas sobretudo o seu aprofundamento".

Segundo Isabel Mendes Lopes, a reunião de hoje com o PCP foi sobretudo "de análise da situação política nacional", tendo havido convergência na necessidade de os partidos se focarem "na qualidade de vida das pessoas".

"Isso faz-se através - e isso é uma convergência clara - de políticas mais à esquerda, progressistas e ecologistas", referiu, salientando que o Livre defende que se encontrem "pontos de convergência tanto a nível programático, como em futuras configurações" com outros partidos.

Já Raimundo também salientou que a reunião de hoje foi "uma conversa geral sobre temas gerais", tendo havido "uma convergência muito clara" em questões como o aumento dos salários e das pensões ou o acesso à saúde e habitação, assim como na ideia de que a Constituição da República deve ser um "elemento político estruturante" para responder aos problemas do país.