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A ASAE vai antecipar as ações de fiscalização às plataformas de 'crowdfunding' que, nos últimos dias, têm estado no centro da atenção mediática por terem sido o mecanismo utilizado pelos enfermeiros para financiar a greve cirúrgica.
A informação foi confirmada à Renascença pelo inspetor-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, depois do semanário "Expresso" ter avançado que esta autoridade iria investigar a origem dos fundos na plataforma a que os enfermeiros portugueses recorreram para financiar a sua greve.
"A nossa estratégia global era ter o quadro regulamentar completo para iniciar as inspeções nas plataformas de ‘crowdfunding’. Não obstante disso, decidimos acelerar alguma atuação inspetiva no terreno em função de algum contexto público e notório daquilo que tem vido a ser falado", explicou o inspetor, que entende que o clima de suspeita que tem pairado sobre a origem destes fundos obriga a autoridade a investigar.
Contudo, o inspetor da ASAE não soube precisar quando seriam conhecidos os primeiros resultados.
Inspeções não são feitas a pedido do Governo, garante a ASAE
Questionado pela Renascença se estas ações de fiscalização seriam feitas a pedido do executivo, Pedro Portugal Gaspar garante que essa decisão é desta autoridade. "Foi uma decisão exclusivamente minha em termos da ASAE por achar que esta perceção de que não se exercia qualquer tipo de inspeção não corresponderia ao quadro legal existente", explica.
A greve dos enfermeiros tem sido financiada com recurso a 'crowdfunding', uma forma de angariação de fundos online em que quem quiser doa dinheiro para uma causa ou projeto. Já foram angariados 784 mil euros.
Este sábado, os promotores da recolha de fundos da greve dos enfermeiros pediram às pessoas que contribuíram que se identifiquem.
Numa mensagem de correio electrónico para todos os que contribuíram para ao financiamento da greve, e a que a que a Renascença teve acesso, Nelson Cordeiro, um dos enfermeiros promotores da iniciativa, pede a todos os que contribuíram para "deixar de ser anónimo" e, com isso, provar que quem contribuiu para o financiamento da greve não eram "apoiantes anónimos que apenas querem destruir o SNS".
A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros já reagiu a esta averiguação por parte da ASAE. Questionada sobre a intenção da ASAE de investigar a origem dos donativos, Lúcia Leite diz que a associação é "a maior interessada" em esclarecer o assunto.
"Tenho todo o interesse em que haja efetivamente uma investigação e que se demonstre que não houve utilização indevida desta plataforma, porque foi isso que até ao momento me fizeram chegar", diz a dirigente da Associação Sindical de Enfermeiros à Renascença.