"Compete à Marinha aferir da operacionalidade dos meios", defende ministra
14-03-2023 - 19:32
 • Lusa

Helena Carreiras diz que "processos estão em curso" dentro do quadro legal. Marinha vai avançar com processos disciplinares aos 13 militares que se recusaram a embarcar no NRP Mondego.

A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, sustentou esta terça-feira que é da competência da Marinha aferir da operacionalidade dos meios bem como conduzir os procedimentos disciplinares de acordo com o regulamento militar.

Numa resposta enviada à agência Lusa, o Ministério da Defesa Nacional escreve que Helena Carreiras "acompanha atentamente o sucedido com o NRP Mondego no passado dia 11 de março".

"É da competência da Marinha aferir as circunstâncias dos acontecimentos bem como a operacionalidade dos meios, e conduzir procedimentos do foro disciplinar de acordo com o Regulamento da Disciplina Militar. Todos esses processos estão em curso, dentro do quadro legal e do normal funcionamento institucional das Forças Armadas", acrescenta-se.

Em causa está o facto de o NRP Mondego não ter cumprido uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira, após 13 militares se terem recusado, no sábado à noite, a embarcar por razões de segurança.

A Marinha vai avançar com processos disciplinares aos 13 militares que se recusaram a embarcar no NRP Mondego e remeteu à Polícia Judiciária Militar informação sobre o incidente, disse à Lusa o ramo.

O ramo ordenou uma inspeção às condições de segurança do NRP Mondego, disse à Lusa fonte da Armada, que também confirmou que os 13 militares envolvidos neste caso serão substituídos, tal como avançou o jornal Público.

De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a Lusa teve acesso, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para "fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo", numa altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros".

Segundo estes militares, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio.

Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.

O ramo confirmou que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que a missão que ia desempenhar era "de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas".

No que se refere às limitações técnicas, a Marinha referiu que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".