Políticas do novo Governo vão tornar Portugal "não sustentável", alerta Pires de Lima
01-12-2015 - 00:19

Antigo ministro preocupado com "prioridade" ao consumo privado. "Competitividade das empresas é um termo quase proibido”, lamenta o antigo ministro da Economia.

As prioridades do novo Governo colocam Portugal em risco de gerar défices externos e tornar o país insustentável, alerta António Pires de Lima.

Na 100ª edição do Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, o antigo ministro da Economia afirmou que a excessiva preocupação com o aumento do consumo privado vai ditar o fim do investimento externo.

“Não se ouve falar de competitividade por parte deste Governo. A competitividade das empresas é um termo quase proibido”, lamenta Pires de Lima.

“ Ao ter como linha prioritária o consumo privado, esta política económica vai suscitar um aumento substancial das nossas importações e nós vamos voltar, infelizmente, a ser um país que gera défices externos e, por isso, não sustentável”, prevê o antigo ministro da Economia.

O novo Governo de António Costa, sublinha, não terá capacidade de atrair investimento externo, porque está de “forças extremistas” – o Bloco de Esquerda e o PCP - que duvidam do capital.

“Qual é o Governo que está em melhores condições de atrair investimento, sendo que investimento significa sempre capital. Um Governo que está dependente de forças extremistas da esquerda, que desconfiam do capital, que têm uma desconfiança inata e que verbalizam sempre que podem das grandes empresas, ou um Governo pró-liberal, que se revê numa economia de mercado e que tem um passado de respeito permanente pela estabilidade daquilo que são as condições para fazer investimento. Penso que é uma pergunta de resposta, mais ou menos, óbvia.”

À margem do debate no Clube dos Pensadores, Pires de Lima afirmou que os dados do INE mostram um crescimento da economia portuguesa ainda que moderado:

“É um crescimento moderado, mas estamos a crescer. É esse o legado que o anterior Governo deixa e é muito objectivo. Os dados do terceiro trimestre dão um crescimento de 1,4%. Isto não é estagnação em nenhuma parte do mundo. É crescimento, moderado é certo, mas é crescimento”, argumenta o antigo ministro da Economia.