Ministra da Administração Interna: "Não, não me demito"
13-10-2017 - 10:51

PSD quer que ministra peça desculpas, CDS quer que peça para sair do Governo. Relatório da Comissão Técnica Independente ao incêndio de Pedrógão Grande em destaque no plenário da Assembleia da República.

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, disse, esta sexta-feira, no parlamento, que não se demite, em resultado das conclusões da Comissão Técnica Independente que analisou as circunstâncias que envolveram o incêndio de Pedrógão Grande, em 17 e 18 de Junho.

"Não, não me demito", disse, logo na sua primeira intervenção, Constança Urbano de Sousa, em resposta a uma intervenção do líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães.

A ministra foi chamada para um debate de urgência pedido do maior partido da oposição, decisão cuja seriedade Constança Urbano de Sousa questionou: “Debater um relatório com esta dimensão, com esta profundidade e com esta complexidade menos de 24 horas depois de ser conhecido não pode ser um debate sério.”

Para a ministra da Administração Interna, o debate em curso nesta sexta-feira representa "um desrespeito" perante a Comissão Técnica Independente e perante "os deputados que marcaram para dia 27 um debate sobre esta matéria".

"Não vou tirar conclusões de um relatório que, repito, ninguém teve a oportunidade nem o tempo de analisar com seriedade e cuidado", reforçou.

PSD quer desculpas, CDS quer saída da ministra

O PSD pediu por várias vezes que o Governo peça desculpas aos portugueses sobre o que aconteceu em Pedrógão Grande. Para o deputado Luís Marques Guedes, o relatório é o primeiro ato de justiça para as famílias das vítimas e não dá espaço “para adiar ou fugir à assumpção de responsabilidades”.

“O Estado falhou” e cabe ao primeiro-ministro “pedir desculpa em nome do Estado”, disse Marques Guedes, acrescentando que o PSD vai pedir a avocação em plenário de artigos da lei de compensação das vítimas que foram chumbados em comissão especializada.

Outro deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, pediu também a Constança Urbano de Sousa que assuma “as suas responsabilidades políticas”, considerando que “mudanças em mais de dois terços da Protecção Civil” fizeram ruir a instituição.

Abreu Amorim acusou ainda a ministra de tomar "uma atitude indecorosa" ao recusar a assumpção de responsabilidades.

Para o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, o relatório evidencia que tragédia resultou de incompetência. “A começar pela sua, senhora ministra”, disse, acrescentando que demitir o presidente da Protecção Civil não chega e o CDS-PP "não vai deixar que chegue".

Do lado da coligação parlamentar que sustenta o Executivo, Fernando Rocha Andrade, pelo PS, disse ser manifesto que houve falhas operacionais, mas lamentou que a “única preocupação do PSD” é “que alguém seja colocado no pelourinho”.

Sandra Cunha, do Bloco de Esquerda, António Filipe, pelo PCP, e Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista "Os Verdes", tiveram discurso similar, coincidindo na ideia de que é cedo para tirar conclusões de um relatório que foi apresentado há menos de um dia.

O relatório foi entregue na quinta-feira na Assembleia da República e analisa os fogos ocorridos entre 17 e 24 de Junho nos concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos, Arganil, Penela, Oleiros, Sertã, Góis e Pampilhosa da Serra. O incêndio deflagrou em Pedrógão Grande, tendo alastrado a vários municípios vizinhos e provocado 64 mortos e mais de 200 feridos.

[notícia actualizada às 13h05, com posições de PSD, PS, BE, PCP e PEV]