UE e Canadá em suspense por causa da Valónia
27-10-2016 - 11:11
 • André Rodrigues

​Vive-se um momento de suspense na União Europeia, tudo por causa do acordo de livre comércio entre União Europeia e Canadá.

Citando fontes europeias, o jornal belga “La Gazette” diz que a cimeira de assinatura do acordo CETA, inicialmente marcada para hoje, está mesmo cancelada. Nas últimas horas, representantes dos governos regionais da Valónia e de Bruxelas reuniram-se com o Primeiro-ministro belga mas, aparentemente, não foi possível alcançar uma posição comum para desbloquear o processo.

Este tema está também nas páginas da imprensa portuguesa desta quinta-feira. O “Diário de Notícias” conta a versão optimista do presidente do Conselho Europeu e diz que a Bélgica está mais perto de aceitar o chamado acordo CETA. O jornal explica que as exigências da região da Valónia foram largamente aceites pelo governo federal belga. De recordar que, o que aqui está em causa, é a protecção para os consumidores e para o sector agrícola na resolução de conflitos com empresas multinacionais canadianas. Os belgas entendem que a posição europeia não está suficientemente salvaguardada.

A verdade é que este acordo bilateral com o Canadá está a ser negociado há sete anos e esbarra agora na rejeição do parlamento de uma região com pouco mais de 3,5 milhões de habitantes. Mas segundo o “DN”, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, mostra-se inexcedível no seu optimismo. Diz até que a assinatura do tratado com o Canadá pode acontecer ainda hoje. A ver vamos o que acontece nas próximas horas.

A dominar também as páginas dos jornais desta quinta-feira, o “Público” diz que o “Governo deve escapar a exigência imediata de novas medidas”. O contexto é o Orçamento do Estado para 2017. Segundo o jornal, a dúvida em relação ao Orçamento para o próximo ano parece ser apenas esta: irá a Comissão Europeia classificar a proposta portuguesa como globalmente conforme ou em risco de incumprimento das regras europeias?

Já o “Jornal de Negócios” escreve: “Orçamento perto de garantir a aprovação de Bruxelas”. O diário lembra que Portugal tem até ao final do dia para enviar para Bruxelas informação sobre os pressupostos do Orçamento. Reforço das garantias deverá evitar devolução do documento sem mais medidas de consolidação, escreve o “Negócios”.

Também em Itália, o Orçamento do próximo ano motiva um diálogo aceso entre o Governo e a União Europeia. O jornal “La Stampa” cita o Presidente italiano que adopta um registo mais suave do que o do Primeiro-ministro Matteo Renzi, que parece adoptar uma estratégia de desafio à Comissão por causa do Orçamento para 2017. Sergio Mattarella pede mais compromisso do lado da União Europeia em matéria de crescimento económico e políticas de imigração. Ou seja, para os italianos, isto não é só exigir que se cumpram as metas. Há que dar algo em troca. E no caso italiano, a questão das migrações é central. Basta lembrar que muitos dos refugiados oriundos de cenários de conflito têm entrado na Europa precisamente pela Itália.