Papa assinala 50 anos de encíclica sobre desenvolvimento e justiça social
04-04-2017 - 15:03

Francisco voltou a criticar um modelo de globalização que esmaga os povos, privando-os de liberdade em nome do avanço económico.

O Papa Francisco assinalou esta terça-feira os 50 anos da publicação da encíclica “Populorum Progressio”, de Paulo VI, que trata temas como o desenvolvimento humano e a justiça social.

O Populorum Progressio, que significa “do progresso dos povos” introduziu na Igreja uma nova visão sobre temas como a propriedade privada e os sistemas económicos, como referiu o Papa Francisco num discurso esta terça-feira, proferido precisamente na abertura de um congresso sobre o desenvolvimento.

“Os vários sistemas: a economia, a finança, o trabalho, a cultura, a vida familiar, a religião são, cada um no seu contexto, um momento irrenunciável do desenvolvimento. Nenhum deles se pode absolutizar, nem nenhum se pode excluir de uma concepção de desenvolvimento integral que tenha em conta que a vida humana é como uma orquestra que só toca bem se os vários instrumentos estão afinados e seguem um ritmo partilhado por todos”, disse o Papa.

Francisco voltou a criticar um modelo de globalização que esmaga os povos, privando-os de liberdade em nome do avanço económico. “Não faltam visões ideológicas e poderes políticos que esmagaram a pessoa, que a massificaram e a privaram daquela liberdade sem a qual o homem já não se sente homem. Esta massificação interessa aos poderes económicos que querem explorar a globalização, em vez de favorecer uma maior partilha entre os homens, só para impor um mercado global, cujas regras são impostas por eles e das quais retiram benefícios.”

Um verdadeiro progresso, considera o Papa, implica o respeito pelo indivíduo, que não pode ser vítima de sistemas políticos ou financeiros, mas também recusa a queda no individualismo. “Pessoa significa sempre relação e não individualismo, afirma inclusão e não exclusão, dignidade única e inviolável e não exploração, significa liberdade e não constrição.”

“A Igreja não se cansa de oferecer esta sabedoria e a sua obra ao mundo, na certeza de que o desenvolvimento integral é a estrada do bem que a família humana é chamada a percorrer”, concluiu o Papa.