Associação de Transparência acusa Banco de Portugal de conivência com Isabel dos Santos
20-01-2020 - 12:42
 • Renascença

O Banco Eurobic jamais iria agir contra a sua principal acionista, acusa a organização, pelo que o regulador já deveria ter atuado. “Não aprendeu nada com as falências recentes”, acusa João Paulo Batalha.

O Banco de Portugal foi conivente com o desvio de 100 milhões de euros da empresária Isabel dos Santos da Sonangol para o Dubai.

A acusação é feita pelo presidente da Associação de Transparência e Integridade, depois de conhecido o dossier Luanda Leaks.

A investigação mostra que o dinheiro passou por uma conta de Lisboa do banco Eurobic, que tem como responsável, para além de Isabel dos Santos, o antigo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Em dois dias, a conta passou de um saldo positivo de 51 milhões de euros para um saldo negativo.

Joao Paulo Batalha, fala do Banco como uma plataforma de execução de negócios indevidos. “A Eurobic no qual a Isabel dos Santos é a acionista de referência. Portanto nós temos esta princesa da corrupção em Angola, acionista de referência de um banco em Portugal, que tem sido a plataforma de execução de muitos dos seus negócios obscuros.”

“Há uma implicação direta da gestão do banco, liderada pelo ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, e que tem servido de branqueador dos capitais”, acusa.


Joao Paulo Batalha não compreende, por isso, a falta de ação do Banco de Portugal nesta matéria e diz que o regulador foi conivente. A primeira obrigação era do próprio Eurobic, mas isso jamais iria acontecer, considera. “Com certeza que tinha a obrigação de travar a transferência e fazer o alerta às autoridades, mas a verdade é que o Eurobic está aqui para tratar dos negócios de Isabel dos Santos, e portanto nunca faria essa comunicação.”

“Os reguladores já deviam ter-se preocupado com a própria estrutura acionista do Eurobic, já deveria ter merecido atuação das entidades reguladoras, mas aparentemente o Banco de Portugal não aprendeu nada com as falências espetaculares dos últimos tempos, e continua a ser muito complacente com estes negócios.”

A Renascença pediu já esclarecimentos à Procuradoria-geral da República, ao Banco de Portugal e ao Banco Eurobic, liderado pelo antigo ministro das finanças Teixeira dos Santos, e aguarda respostas.