PSD revela carta de Costa à Europa sobre venda do Banif
15-06-2016 - 23:43

Primeiro-ministro escreveu à Comissão Europeia e ao BCE em Dezembro. Sociais-democratas concluem que calendário de venda do banco estava em aberto.

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O primeiro-ministro, António Costa, escreveu a 14 de dezembro uma carta aos presidentes da Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) pedindo uma reunião para abordar o calendário de venda do Banif.

A missiva foi revelada esta quarta-feira pelo PSD na comissão parlamentar de inquérito sobre o Banif, num dia em que foi ouvido - pela terceira vez - o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa.

"Por esta carta fica claro o entendimento do senhor primeiro-ministro no dia 14 de Dezembro de que o calendário estava em aberto e politicamente era importante acertar esse calendário", vincou o deputado do PSD Luís Marques Guedes, acrescentando que a missiva terá vindo "tarde de mais", depois da "facada dada pela TVI à viabilidade da venda do banco" em notícias do dia anterior.

No texto, o chefe do Governo pede aos líderes da Comissão Europeia e BCE - Jean-Claude Juncker e Mario Draghi - uma reunião presencial onde seja "definida a estratégia para a intervenção global sobre o sistema financeiro, os calendários da capitalização e dos processos de venda do Novo Banco e do Banif e a situação financeira do Fundo de Resolução" da banca.

A carta, frisou Luís Marques Guedes, não foi enviada pelo Governo à comissão de inquérito sobre o Banif, tendo o PSD "tido acesso" à mesma por outras vias.

O primeiro-ministro sublinha no texto que pretende em Portugal um banco público - Caixa Geral de Depósitos - sólido e robusto e também menos bancos privados, embora também eles mais fortes.

Em 20 de Dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da actividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros activos - incluindo 'tóxicos' - para a nova sociedade veículo.

A comissão de inquérito sobre o negócio e o banco caminha para o seu final, tendo a audição de hoje do governador do banco central sido a penúltima - fica a faltar nova presença no parlamento do ministro das Finanças, Mário Centeno, que se deslocará ao parlamento na próxima semana.