Moção de Cristas: “o voto útil acabou"
24-02-2018 - 00:03
 • Susana Madureira Martins

A líder centrista leva ao congresso de Lamego de 10 e 11 de Março a moção “CDS – Um passo à frente” e avisa PSD que nas legislativas e europeias segue em listas próprias.

Mais quatro mil militantes inscritos em dois anos, “liderança no combate ao governo das esquerdas unidas” e “sucesso nas eleições regionais e autárquicas”. É o balanço que Assunção Cristas faz na moção de dezasseis páginas que leva ao Congresso de Março, em Lamego, para concluir que “o voto útil acabou, que o voto de cada um é cada vez mais livre”, lê-se no texto da líder centrista, a que a Renascença teve acesso.

As eleições legislativas, europeias e as regionais da Madeira são já em 2019 e para Assunção Cristas “não há nada intransponível” e que é possível ser-se avaliado “mais pelo trabalho” e pelas “provas dadas” e “menos pelas amarras das cores de uma sigla partidária”. A líder centrista quer mobilizar o partido para que cada um passe a mensagem de que “o mais reformista, irreverente, novo, é votar no CDS”.

E aqui fica o recado ao PSD de Rui Rio: em 2019 ganha quem conseguir reunir um apoio parlamentar de 116 deputados e Assunção deixa implícito que, o mais certo é o novo líder social-democrata precisar do CDS e sendo assim o partido tudo fará “para dar uma sólida contribuição para que o centro direita possa atingir esse número e, após as eleições, entender-se para o conseguir”.

Na moção lê-se mesmo que o CDS quer ser a “primeira escolha dos portugueses”, com Cristas a não ver razão para mudar a estratégia e a seguir em frente para as legislativas e europeias de 2019 “em listas próprias”, na convicção de que assim estará a dar o “melhor contributo para Portugal ter uma alternativa às esquerdas unidas”.

À Renascença, Assunção Cristas diz que o CDS consegue “representar melhor esta alternativa com uma voz separada e que o PSD possa também ter a sua voz”. A líder centrista diz que “há um alinhamento de prioridades” entre os dois partidos em temas que vão da natalidade, ao envelhecimento ativo e proteção aos idosos, segurança social e saúde.

Para a dirigente centrista isso “é bom, porque são dois partidos e duas vozes” e, por outro lado, também “é bom” porque não têm exatamente o mesmo ponto de vista sobre o financiamento dos partidos, ou seja, ajuda os portugueses a escolherem “entre aqueles que melhor representam a sua visão” e assim maximizam-se os resultados, como já aconteceu no recente período de governação em que “o PSD e CDS entenderam-se”.

Uma direita sem preconceitos e sem rótulos

O CDS não quer ser o partido “dos ricos”, “dos patrões” ou “dos quadros”. Na moção Assunção Cristas diz mesmo que o partido já não é visto dessa maneira, esses são “rótulos que foram sendo colados injustamente” aos centristas. No texto lê-se que é “preciso deixar que, de forma mais livre, sem preconceitos e sem pré-entendimentos se possa olhar o CDS” pelas suas propostas e protagonistas.

Nas declarações à Renascença, Cristas fala de um “partido muito mais aberto” com o objetivo de “desmontar essas ideias feitas, preconceitos muitas vezes injustos” de que o CDS é “muito à direita” e em que as pessoas dizem gostar das ideias e das pessoas do partido mas “sociologicamente sentem que não se enquadram”.

A todos esses a líder centrista diz que o “caminho é difícil” mas que é possível “chegar lá”, ou seja, chegar de novo à governação e à maioria parlamentar. Tudo isto com uma nova abordagem de comunicação; para além das redes sociais, a moção fala de “lançar, de forma progressiva, a CDSTV”, convidando todos para que lhe “enviem uma carta, um email, uma mensagem no Facebook” a partilhar as preocupações, ideias e prioridades para o país.

O Congresso do CDS irá decorrer nos dias 10 e 11 de março, em Lamego, no distrito de Vila Real.