Dia 23 de guerra. Biden avisa China para "consequências" de apoio à Rússia, Putin diz que sabe como ganhar a guerra
18-03-2022 - 19:44
 • João Malheiro

Da Ucrânia, chegam avisos de que a guerra pode gerar uma crise alimentar global, devido à importância do país na exportação destes bens. A Renascença resume os principais momentos de mais um dia do conflito.

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O dia 23 da guerra entre Rússia e Ucrânia foi marcado por dois momentos diplomáticos importantes: A primeira conversa entre Joe Biden e Xi Jinping, desde o início do conflito, e mais um diálogo entre Emmanuel Macron e Vladimir Putin.

O chefe de Estado russo também fez um discurso em público, para assinalar os oito anos de anexação da Crimeia... mas acabou por ser interrompido.

Da Ucrânia, chegam avisos de que a guerra pode gerar uma crise alimentar global, devido à importância do país na exportação destes bens.

A Renascença resume os principais momentos de mais um dia do conflito.

China diz aos EUA que conflitos não beneficiam ninguém

Era com grande antecipação que o mundo olhava para a conversa entre Joe Biden e Xi Jinping desta sexta-feira, por um lado, devido à hostilidade entre os dois países e, por outro, pela influência que os dois países têm em lados distintos do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Joe Biden referiu à CNN que o diálogo com o homólogo chinês, que decorreu por videoconferência, "correu muito bem". Mais tarde, a Casa Branca deu nota de que o Presidente dos Estados Unidos disse a Xi Jinping que haverá “implicações e consequências” se a China "fornecer apoio material à Rússia" na invasão da Ucrânia. Biden também "realçou o seu apoio a uma resolução diplomática" do conflito.

Por sua vez, numa nota divulgada à imprensa, a China indicou que Xi Jinping disse ao chefe de Estado norte-americano que conflitos como a guerra na Ucrânia “não beneficiam ninguém” e que as duas potências devem guiar as relações bilaterais no caminho certo.

Macron exige cessar-fogo a Putin

Também esta sexta-feira, os líderes de França e Rússia voltaram a dialogar, por telefonema.

Emmanuel Macron exigiu um cessar-fogo na Ucrânia a Putin e expressou a sua "extrema preocupação" com a situação em Mariupol.

Por seu lado, o Kremlin disse em comunicado que Putin "chamou a atenção para os numerosos crimes de guerra cometidos diariamente pelas forças de segurança e nacionalistas ucranianos".

O chefe de Estado russo invocou "ataques massivos de foguetes e de artilharia nas cidades do Donbass", a região no leste da Ucrânia parcialmente controlada por separatistas pró-Moscovo.

Putin sabe como ganhar a guerra, mas foi interrompido

Ainda esta sexta-feira, Vladimir Putin aproveitou um comício num estádio de futebol lotado, em Moscovo, para justificar a invasão da Ucrânia. Prometeu a dezenas de milhares de pessoas que erguiam bandeiras russas que todos os objetivos do Kremlin vão ser alcançados.

"Sabemos o que precisamos fazer, como fazê-lo e a que custo. E cumpriremos por completo todos os nossos planos", disse Putin no Estádio Luzhniki, em Moscovo, num evento que comemora os oito anos da anexação da Crimeia, região do sul da Ucrânia, em 2014.

As palavras proferidas por Putin foram relevantes, mas o acontecimento também chamou à atenção devido a um insólito: Durante o discurso, a transmissão do canal estatal russo foi interrompida, e as palavras do presidente substituídas por músicas patrióticas.

O porta-voz do Kremlin justificou a situação com uma falha técnica.

Guerra pode gerar crise alimentar global

A Ucrânia pode ser forçada a restringir as exportações de alimentos caso a invasão russa se mantenha, segundo os representantes ucranianos na Organização Mundial do Comércio (OMC) que alertam para uma possível crise alimentar global.

Estes representantes destacaram, durante as reuniões desta semana do Conselho de Agricultura, que a invasão russa colocou em perigo um dos maiores "celeiros" do mundo.

A Ucrânia, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, pode ser forçada a restringir as exportações de alimentos se a invasão russa se mantiver, frisaram ainda.

Caso se gere uma crise alimentar global, entre oito a 13 milhões de pessoas podem sofrer de desnutrição no mundo, acrescentaram.

Parlamento Europeu proíbe entrada de governantes e diplomatas da Rússia e da Bielorrússia

O Parlamento Europeu continua a carregar em sanções à Rússia e, por consequência de apoio a este lado do conflito, à Bielorrússia.

Esta sexta-feira, a presidente Roberta Metsola proibiu a entrada na instituição de pessoal diplomático e governamental russo e bielorusso.

A presidente Metsola anunciou na sua conta do Twitter que, "a partir de hoje, os funcionários diplomáticos e governamentais da Rússia e da Bielorrússia estão proibidos de entrar nas premissas do Parlamento Europeu".

"Na Casa da Democracia não há lugar para aqueles que procuram destruir a ordem democrática", afirma Roberta Metsola.