​Populismo na presidência da UE
04-01-2019 - 06:46

A Roménia tem a presidência rotativa da UE. Mas promove o populismo eurocético para evitar a condenação de um líder político.

A Roménia preside à UE no primeiro semestre do ano corrente. É certo que a presidência rotativa da União tem agora menos importância do que tinha antes do Tratado de Lisboa (2007). Passou a haver um presidente permanente da União (neste momento ainda é o polaco Donald Tusk, em fim de mandato), os conselhos europeus realizam-se quase todos em Bruxelas, etc. Mesmo assim, é preocupante a crítica do presente da Comissão Europeia, Claude Juncker: “O governo de Bucareste ainda não compreendeu totalmente o que significa presidir aos países da UE”.

País profundamente pró-europeu, a Roménia passa por uma séria crise política, tendo como pano de fundo um alto nível de corrupção. O partido vencedor das eleições de 2016 lançou uma campanha contra Bruxelas, ao mesmo tempo que procura seguir o exemplo pouco democrático da Polónia e da Hungria: o poder político não respeitar a independência da justiça. E sucedem-se na Roménia os atropelos ao Estado de direito.

O motivo oculto desta deriva romena tem a ver com evitar que seja cumprida a sentença que condenou o líder daquele partido, atualmente presidente da Câmara dos deputados, por fraude eleitoral e peculato; por isso aquele líder não pode agora ser primeiro-ministro. É assim provável que a Roménia impeça o avanço do processo contra a Polónia e a Hungria por interferência política no sistema judicial. Aliás, esse avanço tem sido travado por falta da necessária maioria no Conselho Europeu.

O facto é que o partido romeno em questão recorre ao mais descarado populismo contra a UE – que classifica como um “poder estrangeiro”, hostil aos romenos… Mas não se furta a receber dinheiro da UE.

Assim, a Comissão Europeia dispõe de uma arma poderosa: poderá invocar ter havido desvio de fundos europeus (envolvendo o referido líder partidário) para cortar ou suspender apoios à Roménia. É triste, porém, que seja necessário recorrer ao argumento do dinheiro para enfrentar o populismo antieuropeu num país que, porventura, entrou cedo demais na UE.

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