Economia, o risco "cisne negro'"
01-03-2020 - 17:26
 • José Bastos

Nuno Garoupa, Nuno Botelho e Mário Jorge Machado analisam a atualidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) subiu para “muito alto” o nível de risco global de propagação do corona vírus, confirmou no final da semana o director geral da organização, Tedros Adhanom que também sublinhou que “a chave para conter o vírus é romper a cadeia de transmissão”.

“Neste momento o nosso maior inimigo não é o vírus em si. É o conjunto dos medos, rumores e estigmas. Os nossos maiores activos são os factos, a razão e a solidariedade”, sublinhou Tedros Adhanom.

A notícia da actualidade é o coronavírus e a sua expansão na Europa com o receio a transportar a desconfiança e o desconhecimento factores a contribuir para um estado de hipervigilância nas reacções sociais. Na economia a queda do ‘factor confiança’ está a ser generalizada.

O principal problema é a incapacidade de produzir valorações objectivas do impacto real da crise. O último antecedente é de 2003 com o SARS e as comparações têm essa referência, mas se a epidemia não se trava, o comparativo fica obsoleto e o impacto global pode ser maior e resulta muito complexo tentar prever a sua magnitude.

Até agora estima-se uma quebra do PIB na China até 2% o que limitaria o impacto no PIB da zona euro e dos Estados Unidos em 0,1% no primeiro trimestre de 2020. Ainda assim, a extensão do surto de corona vírus no norte de Itália pode fazer aumentar a projecção face ao impacto potencial na actividade económica, produção industrial e turismo. Análise feita ainda no contexto de que os dados macro europeus disponíveis de PME’s, produção industrial ou confiança do consumidor não integram ainda o impacto da crise do corona vírus, cujas primeiras informações surgiram a 13 de janeiro.

E efeitos em Portugal? O ministro da Economia pediu ao IAPMEI para avaliar a situação dos vários setores e amanhã há reunião com representantes setoriais. No calçado a Itália é a maior preocupação e nos têxteis os stocks de componentes esgotam-se. No turismo o risco é maior nas empresas aéreas, cruzeiros e redes hoteleiras.

Nuno Garoupa, professor da GMU Scalia Law, Universidade de Arlington, Virginia, Estados Unidos, Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto e Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação dos Téxtis e Vestuário - e membro do board da Euratex, analisam o quadro económico e social à volta desta crise, o risco de se tornar o ‘cisne negro’ – o evento raro que provoca graves efeitos - e o relatório da Comissão Europeia sobre desequilíbrios macro-económicos de Portugal, publicado na última quarta-feira.