Mais casos de cancro do cólon. Motivo: abandono da dieta mediterrânica
23-02-2017 - 07:23
 • Elsa Araújo Rodrigues Rui Barros (infografia)

Estudo mostra que os cancros da traqueia, brônquios e pulmão continuam a ser os mais mortais. O da mama, apesar de mais frequente, surge em quinto lugar dos mais mortais.

Há mais portugueses com cancro. Segundo os dados do Registo Oncológico Regional do Sul (ROR-Sul). O cancro com maior incidência é o da mama, seguem-se os da próstata e o do cólon - este último foi o que registou a maior subida por causa dos hábitos alimentares.

Os números constam do documento "Incidência, Sobrevivência e Mortalidade de todos os tumores na população portuguesa adulta na região sul de Portugal, no período 2010/2011", que será apresentado esta quinta-feira em Lisboa.

O cancro do cólon passou a ser o terceiro com maior incidência na zona sul do país. Entrevistada pela Renascença, a directora do Registo Oncológico Regional do Sul explica que o aumento do cancro no cólon está ligado à mudança dos hábitos alimentares.

“Nós passámos, na década de 80, 90, de uma dieta marcadamente mediterrânica, para uma dieta de alimentos processado, mais alimentos com gorduras animais, mais consumo de mais carne e menos peixe, consumo de menos vegetais e menos frutas frescas”, descreve Ana Miranda.

Em Portugal há três registos oncológicos regionais: o do Norte, o do Centro e o do Sul. O ROR-Sul cobre praticamente metade da população portuguesa, com um total de quase cinco milhões de habitantes, contando ainda com a Madeira.

Entre esta população, em 2011 foram diagnosticados 2.563 novos casos de tumores malignos do cólon e outros 1.201 do recto. Foram registadas, no mesmo ano, 1.335 mortes por cancro do cólon e 523 por cancro do recto. Apesar disso, os cancros da traqueia, brônquios e pulmão ainda são os que mais matam, com 1.797 mortes. O cancro da mama, apesar de ser o mais comum, com 3.420 novos doentes, surge apenas em quinto lugar na lista dos que mais matam.

Os números mostram que há cada vez mais portugueses com cancro. O balanço da última década reflecte uma tendência crescente de casos, associado ao envelhecimento da população.

“À medida que vamos tendo uma proporção maior de indivíduos a partir dos 65, 70 anos, claro que vamos ter um número crescente de tumores. E isto é muito importante porque nós temos que preparar os serviços de saúde para receberem cada vez mais doentes com cancro”, diz Ana Miranda.

Por género, as mulheres têm mais tumores da mama e os homens mais tumores no cólon.

Em relação ao relatório, a directora do ROR-SUL sublinhou a necessidade dos serviços estarem preparados para o aumento do número de tumores. "Dentro de uma ou duas décadas, os casos de tumores vão ser ainda maiores".