Odemira. Cerca de 50 migrantes realojados no Zmar e Pousada da Juventude durante a noite
06-05-2021 - 07:19
 • Renascença com Lusa

Operação foi acompanhada por um forte dispositivo da Unidade de Intervenção da GNR. Todas as pessoas deste grupo estão negativas para o novo coronavírus.

Cerca de 50 migrantes foram realojados no Eco Resort Zmar e na Pousada da Juventude, em Odemira, durante a noite. Todos tiveram teste negativo à Covid-19 e viviam em espaços sem condições de habitabilidade.

Esta informação foi confirmada à Lusa pelo responsável do Comando de Emergência e Proteção Civil do Alentejo. Segundo José Ribeiro, no Zmar foram realojadas cerca de 30 pessoas e na Pousada da Juventude em Almograve 21.

A entrada no Zmar foi acompanhada por um forte dispositivo da Unidade de Intervenção da GNR - militares armados e cães - de forma a evitar quaisquer incidentes com um grupo de proprietários e trabalhadores de algumas das casas do complexo turístico.

Numa nota enviada à redação a GNR esclarece que a sua atuação “surgiu na sequência de um pedido de apoio dos Serviços da Proteção Civil Municipal de Odemira, para garantir as condições de segurança de cidadãos” a deslocar para as instalações do ZMar pelas 4h00. Esta operação "decorreu sem incidentes".

No final da semana passada, o Governo decretou uma cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e de Almograve, no concelho de Odemira, devido à elevada incidência de casos de Covid-19, sobretudo entre trabalhadores do setor agrícola, muitos deles migrantes.

A situação dos trabalhadores agrícolas nesta região alentejana, levantou a questão do tráfico para exploração laboral.

Um relatório do observatório do Tráfico de Seres Humanos revela agora que entre 2008 e 2019 houve 547 vítimas de exploração laboral. De acordo com o jornal “Público”, 80% da vítimas nestes 11 foram homens, sendo 51% dos casos registados no Alentejo.

Um grupo de proprietários de casas no Zmar interpôs em tribunal uma providência cautelar contra a fundamentação da requisição temporária do complexo turístico decretada pelo Governo.

O empreendimento, que ocupa 80 hectares, integra serviços comuns, como piscina ou "spa", e cerca de 260 casas individuais, das quais perto de 100 pertencem ao próprio complexo e as outras 160 são de privados.

O espaço, devido à pandemia de Covid-19, entrou em insolvência e, na semana passada, foi aprovado, no Tribunal de Odemira, um plano de recuperação económica do projeto, prevendo a manutenção de 100 postos de trabalho, a reabertura no dia 28 deste mês e um investidor disponível.

A região de Odemira é marcada por grande exploração agrícola. O Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoesta algarvio tem dentro um perímetro de rega que tem cerca de 12 mil hectares no total e 1.500 hectares, ou 12%, são ocupados por estufas.


[notícia atualizada às 9h40]