TAP. António Cunha admite preocupação do Norte com estratégia da companhia aérea
04-04-2022 - 18:40
 • Lusa

O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha, expressou hoje preocupação face à estratégia da TAP para o aeroporto Francisco Sá Carneiro, que serve o Norte do país e a Galiza.

"É um motivo de preocupação para o desenvolvimento económico da região", indicando o responsável "as vertentes da indústria" e "as vertentes do turismo" como das mais relevantes para o Norte.

No sábado, o Jornal de Notícias noticiou que, face ao verão de 2019, a TAP vai operar menos sete rotas e oferecer menos 705 mil lugares a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, ao contrário das principais companhias internacionais, que reforçam a presença a partir do Porto.

Hoje, à Lusa, o presidente da CCDR-N lembrou que o Norte "é a região mais exportadora do país" e tem "uma das diásporas mais importantes do país", além dos já mencionados turismo e indústria.

Adicionalmente, o aeroporto Francisco Sá Carneiro serve também a região espanhola da Galiza, liderando destacadamente o tráfego de passageiros em 2021 face ao conjunto dos aeroportos galegos de Vigo, Corunha e Santiago de Compostela.

Em 2021, os três aeroportos galegos juntos transportaram 2,798 milhões de passageiros, segundo dados da operadora espanhola AENA, um valor que não chega a metade dos 5,842 que o terminal português transportou.

Apesar de considerar que face à progressiva menor operação da TAP no aeroporto sito no concelho da Maia "o Norte tem tido sempre alguma agilidade para ir encontrando soluções", nomeadamente através de companhias aéreas de baixo custo, António Cunha pediu medidas mais fortes.

"A dimensão do que está em causa, da redução que a TAP fez ou se prepara para fazer, é de tal magnitude que precisa de um conjunto de medidas mais estruturais, e portanto não se coaduna com uma reação esporádica e imediatista", disse hoje à Lusa o responsável regional.

Assim, perante a questão sobre se seria de equacionar apoios públicos a outras companhias aéreas para efetuar serviços no Norte, o presidente da CCDR-N respondeu que "eventualmente" essa seria uma solução.

"A questão tem que ser analisada, tem que ser vista, sim, mas têm que se encontrar condições para haver uma substituição daquilo que era feito pela TAP até agora e que deixou de ser feito, sendo que a TAP conta com apoios públicos que são de todos e que neste momento só estão a servir uma região do país, de facto", sustentou.

António Cunha disse ainda que a CCDR-N espera "trabalhar com o Governo" no sentido de "encontrar alternativas que permitam viabilizar a operação por outras companhias".

No domingo, António Cunha já tinha publicado na rede social Twitter um comentário visando a companhia aérea nacional, considerando que "as opções da TAP a Norte vêm em claro sentido contrário das expectativas da região" e "são dececionantes". .

"É imperativa uma clarificação sobre essas opções e a adoção de mecanismos que promovam alternativas para a conectividade áerea regional", referiu.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acusou o Governo de querer transformar a TAP numa "companhia regional" para servir o "hub" de Lisboa e a transportadora de "abandonar mais uma vez" o aeroporto Francisco Sá Carneiro.

O PSD/Porto, pela voz do presidente Alberto Machado, afirmou ser "completamente inconcebível" a estratégia da TAP e o deputado do BE José Soeiro acusou a companhia de querer transformar o aeroporto Francisco Sá Carneiro "numa espécie de apeadeiro" de ligação a Lisboa.

O dirigente do PCP Jaime Toga considerou "profundamente negativo" para o Norte e para o país a anunciada redução da operação face a 2019 e o PS/Porto, através do seu presidente Manuel Pizarro, pediu moderação na reação à redução da operação da TAP no aeroporto Francisco Sá Carneiro, apelando à unidade no diálogo com o Governo.

A TAP afirmou que duplicou o número de voos a partir do Porto face ao ano passado, um reforço que entrou em vigor este mês e que se manterá até ao fim do verão.