Temas como a emergência climática, ecofascismo, conflito, nacionalismo, populismo, cibersegurança, violência de género, violação de direitos indígenas, colonialismo, entre outros atravessam a segunda edição da Bienal’21 Fotografia do Porto que decorre até 27 de junho com entrada gratuita no Porto, mas também com uma extensão a Lisboa.

Em 19 exposições são apresentados trabalhos de 46 artistas nacionais e estrangeiros que trabalharam com as propostas de 15 curadores. Com o mote “O Que Acontece com o Mundo Acontece Connosco”, a Bienal’21 Fotografia do Porto conta, além das exposições físicas também com presença no espaço virtual.

Em espaços como o Centro Português de Fotografia, a Reitoria do Porto, a Estação de São Bento ou a Galeria dos Paços do Concelho são mostradas as 19 exposições, muitas delas inéditas e criadas de prepósito para a Bienal.

A Plataforma Ci.CLO, responsável pela organização e curadoria do evento, desafiou os artistas, neste ano de pandemia, “a refletir sobre a interdependência entre os sistemas naturais e humanos e de que forma a cultura e a arte têm um papel ativo no debate sobre as vulnerabilidades sociais, económicas e ambientais”, diz em comunicado a organização.

Há artistas que trabalharam o tema de forma individual, outros de forma colaborativa com residências artísticas virtuais, como os tempos o impõem. “Esse terá sido um dos grandes desafios: articular os processos de cocriação entre os curadores e os artistas, sempre no ambiente digital”, refere o diretor Artístico da Bienal’21 Fotografia do Porto.

Virgílio Ferreira sublinha, no entanto que “o resultado foi muito surpreendente. Abriram-se novas portas, novas possibilidades e novas formas de interação com os objetos de criação”. Para este responsável, “mais do que uma adaptação, houve uma verdadeira transição”.

Entre as exposições que o público poderá visitar, destacam-se, no Centro Português de Fotografia, “The Horizon is Moving Nearer”, com curadoria de Tim Clark que reúne obras de oito artistas – Lisa Barnard, Poulomi Basu, Nancy Burson, Maxime Matthys, Gideon Mendel, Simon Roberts, Salvatore Vitale, Stanley Wolukau-Wanambwa. Entre os temas tratados nos trabalhos fotográficos estão questões como a emergência climática, os populismos, Trump, o Brexit ou a cibersegurança.

Na Reitoria do Porto, a Bienal apresenta o trabalho de diálogo entre “Travessia”, de Susan Meiselas, e “Muxima”, de Alfredo Jaar. A herança do colonialismo português em diferentes geografias — no Porto e em Angola — é o mote desta mostra que teve curadoria de Lydia Matthews. Ainda pelo Porto, a Galeria dos Paços do Concelho e o Gabinete Triplex mostram o trabalho do geografo Álvaro Domingues e as suas “Paisagens Transgénicas”.

Na primeira incursão da Bienal em Lisboa, é apresentado no espaço Brotéria, no Chiado o trabalho de Matilde Torres Pereira com a exposição “Uma Mística da Fragilidade”.

Ainda pelo Porto, as artistas Alice dos Reis, Cláudia Varejão e Francisca Rocha Gonçalves integram a mostra “Opacidade da Água”, com Elspeth Diederix e Mandy Barker, no espaço da escola artística Árvore.

Já a Estação de São Bento acolhe a exposição “Cidades na Cidade”. Trata-se de uma mostra ibérica, em parceria com a PHotoESPAÑA, ArtWorks e Metro do Porto. Artistas portugueses e espanhóis foram desafiados a desenvolver projetos fotográficos sobre iniciativas comunitárias urbanas no campo da justiça social e ecológica. São mostrados trabalhos de Carlos Barradas e e María Sainz Arandia.

Além das exposições, a Bienal promove um ciclo de debates e workshops. Dias 15 e 16 de maio decorre a primeira edição do workshop internacional “Art in Action - Climate and Social Responsibility”, com Krzysztof Candrowicz, Anna-Kaisa Rastenberger, Arianna Rinaldo, Erik Vroons.

Com entrada gratuita, todas as iniciativas deste evento estão disponíveis no site da Bienal de Fotografia do Porto.