O peronismo volta à Argentina
14-08-2019 - 06:29

A Argentina foi um país mais desenvolvido do que vários países europeus nas primeiras décadas do séc. XX. Mas o peronismo tornou a economia argentina vulnerável a recessões e bancarrotas.

O sistema eleitoral da Argentina prevê eleições primárias semanas antes das eleições propriamente ditas. A ideia é impedir que vão a estas eleições quem não passar 1,5% dos votos nas primárias - onde é obrigatório votar, tal como nas eleições finais.

No passado fim de semana, realizaram-se as primárias com vista à eleição presidencial de 27 de outubro próximo. O atual presidente, Maurício Macri, de centro-direita, sofreu uma grande derrota, ficando 15 pontos de percentagem atrás do peronista Alberto Fernandez, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como candidata à vice-presidência.

Estes resultados, que dão como quase certa a eleição de Fernandez em outubro, abalaram os mercados. O peso desvalorizou muito e a bolsa de Buenos Aires caiu fortemente. Receia-se que um futuro governo peronista não cumpra o acordo com o FMI e as suas exigências de austeridade para equilibrar as finanças públicas. E que uma nova bancarrota (“default”) esteja no horizonte próximo. A anterior ocorreu em 2001.

Aliás, o FMI indicou que desde 1950 a Argentina esteve um terço do tempo em recessão, como está agora. Ora, a economia argentina era forte nas primeiras décadas do século XX, mais desenvolvida até do que algumas economias europeias. As coisas mudaram a partir do fim da II guerra mundial, em parte porque o populismo de Peron (que foi presidente da Argentina em três períodos, o primeiro dos quais iniciado em 1946) seguiu políticas económicas imediatistas, que agradavam ao povo, mas que hipotecaram o futuro.

Ora, o peronismo ainda persiste na Argentina. Antes de Macri, foram presidentes dois peronistas, Nestor Kirchner e, depois, a sua viúva Cristina. Segundo tudo indica, depois de Macri volta um peronista, Fernandez. Há quem preveja uma nova bancarrota.