"Não há drogas boas". Médicos e juristas católicos contra canábis com fins recreativos
08-06-2021 - 23:25
 • André Rodrigues

Tema vai regressar esta quarta-feira ao Parlamento através da discussão de dois projetos de lei do Bloco de Esquerda e da Iniciativa Liberal. Médicos e juristas católicos dizem ser “importante contrariar a ideia errada de que o consumo das drogas ditas leves, não causa dano para a saúde”.

As associações dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) e dos Juristas Católicos (AJC) opõem-se à legalização da venda de cannabis com fins recreativos.

Num comunicado conjunto, na véspera da discussão na Assembleia da República de dois projetos de lei do Bloco de Esquerda e da Iniciativa Liberal, as duas organizações alertam que “não há drogas boas e drogas más” e dizem ser “importante contrariar a ideia errada de que o consumo das drogas ditas leves, não causa dano para a saúde”.

Aliás, dizem, “a canábis é uma substância aditiva com efeitos deletérios que podem ser dramáticos, principalmente junto dos mais jovens”.

Neste ponto, o comunicado alerta, também, para as consequências que podem resultar da legalização da cannabis, nomeadamente no que isso pode representar para a sua comercialização nos circuitos clandestinos, onde “continuarão a pertencer os domínios não cobertos por essa legalização".

A venda a menores, de quantidades mais elevadas do que as legalmente permitidas, de substâncias com maior concentração de produto ativo do que o legalmente permitido, ou a preços mais baixos porque não sujeitos à tributação geral e especial”.

Tal iniciativa, prossegue o comunicado, pode ser lida como “contradição, ou até hipocrisia”, uma vez que “é autorizado o lucro de uma ação que fomenta a toxicodependência”.

E mesmo nos casos em que essa venda venha ser legal, “com os impostos decorrentes desse lucro pretende-se financiar a prevenção e tratamento dessa toxicodependência”.

Por outro lado, as duas associações dizem ser “incompreensível para a sociedade o sinal contraditório da facilitação do uso de canábis perante a imposição de restrições crescentes ao consumo de tabaco”.