Covid-19. Estado deve "pensar e repensar o regime das ajudas" à comunicação social
08-04-2020 - 21:34
 • Maria João Costa

Ministros europeus da Cultura reuniram esta quarta-feira por videoconferência para debater o impacto da pandemia no setor. À Renascença, Graça Fonseca defende a importância da cultura para o relançamento da economia europeia.

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Foi a primeira reunião à distância, por videoconferência, que juntou os ministros da Cultura da União Europeia. Durante mais de quatro horas, debateu-se o impacto que a pandemia do novo coronavírus está a ter nos setores culturais e criativos. Em entrevista à Renascença, a ministra Graça Fonseca defende a importância que a cultura pode ter no relançamento da economia, depois da crise de saúde abrandar.

“Portugal defendeu a importância da cultura e das indústrias culturais e criativas. Devem ter um papel importante no relançamento da economia na Europa”, afirma a ministra da Cultura. Graça Fonseca considera que “é um setor estruturante para aquilo que é o relançamento da economia e da coesão territorial.”

O próximo encontro dos titulares da cultura europeia vai decorrer em maio. A ministra indica a necessidade de “apontar um caminho para o futuro”. “O dia virá e temos de atuar agora para tentar chegar rapidamente ás pessoas”, diz Graça Fonseca, que tem visto o setor cultural a criticar a insuficiência de apoios e respostas que o Estado tem dado, sobretudo na área artística.

No encontro á distância, os ministros partilharam, explica Graça Fonseca, “a dificuldade que os setores atravessam neste momento". Nas palavras da ministra portuguesa, a Europa tem de discutir agora que “tipo de apoios, que linhas e formas” podem posicionar a área da Cultura no relançamento da economia.

Na discussão do impacto da situação da pandemia de Covid-19 foi também abordada a questão dos media, largamente afetados pela redução drástica do investimento publicitário. Graça Fonseca defendeu a importância da comunicação social.

“É preciso realçar a relevância de discutir que medidas os Estados podem ter para a comunicação social, porque partilhamos a importância do acesso à informação fidedigna.”

Questionada pela Renascença sobre as medidas de apoio a este setor que também tutela, a ministra é categórica: “Será importante, no quadro europeu, para o futuro, pensar e repensar o regime das ajudas do Estado” aos media. Graça Fonseca explica que deixou esse desafio “a nível do quadro europeu”, para “se discutir o regime das ajudas do Estado”.

Nesta entrevista, a ministra da Cultura sublinhou por diversas vezes “o esforço de partilha de informação” entre os Estados-membros que estão a atravessar o quadro de paragem da atividade e a viver o impacto económico desta pandemia. Graça Fonseca sublinha que há “medidas transversais de apoio ao emprego”, mas também medidas “especificais de apoios de emergência”, como a linha que o Ministério da Cultura disponibilizou.

Graça Fonseca aponta que os vários Estados estão “muito alinhados” no tipo de medidas que estão a implementar. “Os países estão alinhamos na estratégia”, refere a titular da pasta, que, interrogada sobre as candidaturas à Linha de Apoio criada, e cujo processo já terminou, preferiu remeter para mais tarde um balanço, para ter “mais informação”.

A ministra do Governo de António Costa acrescenta ainda que estão “sempre a trabalhar no momento da emergência” e que “naturalmente os apoios são para este momento e não para o relançamento”. Mas explica que, devido ao diálogo que tem vindo a manter com as estruturas artísticas, e pelos e-mails que recebem na caixa de correio que criaram para responder ás questões agora levantadas pelo setor, têm vindo a fazer adaptações em algumas das medidas de apoio para serem o mais abrangente possível.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil. Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).

Dados da Covid-19 na Europa