IPSS. O Estado “dá-nos com um dedo e tira-nos com as duas mãos”
12-03-2019 - 14:57
 • Rosário Silva

Responsável pelo Departamento Socio Caritativo da Arquidiocese de Évora diz que instituições da Igreja vivem situação de “estrangulamento”.

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), em particular as ligadas à Igreja, vivem uma situação de “estrangulamento” e a culpa é dos sucessivos governos, diz o responsável pelo Departamento Socio Caritativo da Arquidiocese de Évora.

“Temos vindo a verificar uma redução e uma exploração daqueles que são os nossos serviços por parte das entidades, com as troikas e com os impostos, mas hoje é pior do que há 3 ou 4 anos, e muito pior do que era no inicio do século”, assegura o cónego Silvestre Marques.

Houve “um estrangulamento completo destas instituições, fruto de quem governou o país ao longo destes 20 anos”, acusa o responsável.

À Renascença, o diretor do departamento diocesano socio caritativo garante que “há mais pobres, mais necessidades e miséria”, e que “as instituições oficiais que deviam concorrer para que diminuísse, concorrem a todos os níveis para, direta ou indiretamente, agravar a situação.”

“Dá-nos com um dedo e tira-nos com as duas mãos”, assegura o sacerdote que alude, ainda, a uma redução de meios.

“Os meios que dispomos são cada vez menos”, e mesmo “os que são gerados por nós”, acrescenta, “estão a ser comidos pelo Estado que em vez de servir aquilo que são as suas obrigações, está a servir-se de nós e isso é gravíssimo.”

Depois dos alertas deixados pela Confederação das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) e da própria Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), sobre a sustentabilidade das IPSS, o cónego Silvestre Marques, profundo conhecedor da realidade destas instituições, pede aos crentes, por um lado, que “tomem consciência desta realidade”, tirem as conclusões devidas e “as transformem em consequências” através da “responsabilização das pessoas com responsabilidades por esta situação.”

Por outro lado, o apelo aos não crentes, “homens de boa vontade e que não se sentem obrigados em nome da fé a fazerem estas coisas”, que hajam “em nome da justiça e da igualdade”, não se deixando “corromper ou vender”, afirmando “a necessidade de reparar estes danos e de promover uma sã fraternidade.”