No dia em que Cascais se assume como a primeira Capital Portuguesa do Voluntariado, Eugénio da Fonseca reconhece a “generosidade dos portugueses”, mas alerta para a necessidade de um compromisso mais estável. “Nas horas de dificuldade o português responde sempre com uma generosidade indescritível, mas quando se pede um compromisso mais regular já não é assim tão disponível”, explica.
Um dos principais objetivos da criação da cidade portuguesa capital do voluntariado está por isso relacionada com a necessidade de “haver mais dinamismo”. “Queremos que haja esta consciência, que para além de demonstração de altruísmo é também manifestação de exercício da cidadania”, reforça.
O Presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) lembra que "não há sector em Portugal que não tenha sempre a colaboração de voluntários", mas reconhece que "é preciso ter mais pessoas disponíveis" porque, nesta área "Portugal fica aquém da média da União Europeia".
Cascais é a primeira Capital Portuguesa do Voluntariado. A cerimónia de abertura está marcada para esta tarde.
A escolha do Concelho da Linha para a primeira Capital Portuguesa do Voluntariado está relacionada com a experiência do Município nesta área. “Estamos perante um Concelho com mais de 18 mil voluntários”, revela Eugénio Fonseca.
"Igreja ou está ao serviço ou não serve para nada"
Nestas declarações à Renascença, o Presidente da CPV apela à Igreja em Portugal que “ajude a vencer uma cultura predominante que assenta muito no individualismo e no hedonismo que são perigos enormes para a prática do voluntário”. “E depois que nos ajude a todos nós que somos igreja a tomarmos consciência de que a Igreja ou está para servir ou não serve para nada. E uma forma de servir os outros é através da entrega da doação de nós mesmos aos outros”, acrescenta.
Eugénio Fonseca reconhece que “doar coisas já é bom”, mas considera que “é mais fácil do que doar tempo”.
“A Igreja tem um trabalho muito grande a fazer e está dentro do âmbito da sua missão. Eu gostava que percebêssemos a importância de termos os católicos como voluntários noutras instituições para além claro das suas próprias comunidades”, remata.
Uma honra para Cascais
Pela primeira vez em Portugal, a CPV, com a finalidade de promover e valorizar o voluntariado no país, selecionou um Município como exemplo, atribuindo-lhe o título de “Capital Portuguesa do Voluntariado”.
Através de um processo que se iniciou em abril e terminou em junho, todos os Municípios foram chamados a apresentar candidaturas, que foram posteriormente avaliadas pelo júri da iniciativa. Os Municípios de Vila Nova de Gaia, Funchal e Cascais, foram os finalistas que segundo o júri "demonstraram um grande compromisso em investir nos seus programas de voluntariado e em trazer mais oportunidades para a participação ativa no exercício de cidadania, de solidariedade e de dádiva, na construção do bem comum”.
Foi a 3 de novembro, durante o IX Encontro Intermunicipal de Voluntariado que decorreu no Pavilhão Paz e Amizade em Loures que o Presidente da CPV, Eugénio Fonseca, anunciou publicamente a vitória do Município de Cascais do título de Capital Portuguesa do Voluntariado 2024.
Na ocasião, o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, mostrou-se honrado com a distinção. “Para nós é uma honra. É algo que nós sentimos como um reconhecimento do trabalho que tem vindo a ser feito. Isto só aumenta a nossa responsabilidade, e aumenta o nosso compromisso com todas estas matérias”, referiu.