Papa não quer voltar à normalidade, quer uma realidade sem “vírus socioeconómicos”
30-09-2020 - 11:06
 • Aura Miguel

“Para sairmos da pandemia, temos que encontrar a cura, não só para o coronavírus, como para os grandes ‘vírus’ humanos e socioeconómicos”, defende Francisco.

O Papa não quer regressar à famigerada “normalidade”, uma vez que tal normalidade, como nos evidenciou a pandemia, estava “doente de injustiças, desigualdades e degradação ambiental”.

Na audiência geral desta quarta-feira, Francisco defende uma outra normalidade, “marcada pela partilha e pela solidariedade”, que ajude a “construir uma sociedade participativa muito mais resistente a qualquer tipo de vírus”.

Por isso, “para sairmos da pandemia, temos que encontrar a cura, não só para o coronavírus, como para os grandes ‘vírus’ humanos e socioeconómicos”. E acrescenta: “Um pequeno vírus continua a causar feridas profundas e desmascarou as nossas vulnerabilidades físicas, sociais e espirituais; despertou a grande desigualdade que reina no mundo: desigualdade de oportunidades, de bens, de acesso aos cuidados médicos, de tecnologia, e assim por diante.

Preocupado com estas injustiças, Francisco considera-as como “obra do homem, pois proveem de um modelo de crescimento desligado dos valores mais profundos. E isto fez com que muitas pessoas perdessem a esperança, aumentando a incerteza e a angústia”.

Por isso, “temos que trabalhar urgentemente para gerar boas políticas, para conceber sistemas de organização social que recompensem a participação, o cuidado e a generosidade, e não a indiferença, a exploração e os interesses particulares”.O Papa Francisco defende que “uma sociedade solidária e equitativa é uma sociedade mais saudável. Uma sociedade participativa – onde os “últimos” são considerados como os “primeiros” – fortalece a comunhão. Uma sociedade onde a diversidade é respeitada é muito mais resistente a qualquer tipo de vírus.”