PSP abre inquérito a incidentes no Bairro da Jamaica
20-01-2019 - 17:01
 • Renascença, com Lusa

​Polícia e moradores feridos em desordem. Direção Nacional da PSP diz que agentes foram recebidos à pedrada e anuncia abertura de inquérito aos incidentes. Deputada do Bloco de Esquerda partilhou vídeo e criticou "violência policial".

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Um polícia sofreu este domingo ferimentos ligeiros ao ser atingido por uma pedra e o homem que o agrediu foi detido após uma desordem no bairro da Jamaica, no concelho do Seixal, distrito de Setúbal, avança a PSP. Cinco civis também ficaram feridos sem gravidade, segundo fonte dos bombeiros citada pelo "Jornal de Notícias".

O director nacional da PSP pediu à Inspeção Nacional da Polícia de Segurança Pública a abertura de um processo de inquérito aos incidentes, "sem prejuízo de outras averiguações que venham a ser instauradas por outras entidades competentes", refere aquela força em comunicado, em que é referido que foi usada "a força estritamente necessária".

A nota enviada às redações, na sequência da divulgação de um vídeo nas redes sociais, refere que, pelas 7h15, deste domingo "polícias da esquadra da Cruz de Pau foram chamados ao Bairro da Jamaica, no Fogueteiro, concelho do Seixal, em virtude de estar a ocorrer uma desordem entre vários indivíduos do sexo feminino".

Quando tentavam identificar as pessoas envolvidas, os agentes foram atingidos por pedras arremessadas por moradores, "tendo causado ferimentos na boca de um dos polícias, o qual teve necessidade de receber tratamento hospitalar", refere a PSP.

O agente teve de receber assistência no Hospital Garcia de Orta, em Almada, e já teve alta, adiantou fonte da polícia à agência Lusa.

"O suspeito do arremesso da pedra contra o elemento policial foi detido, tendo reagido de forma violenta à ação policial, assim como outros indivíduos do bairro, que tentaram, através do arremesso de vários objectos e de ações físicas agressivas, impedir que a polícia exercesse a sua autoridade e consumasse a detenção", adianta a direção nacional da PSP.

"Nesta sequência, os elementos policiais ali presentes - que foram obrigados a solicitar o reforço de uma Equipa de Intervenção Rápida (EIR) - tiveram que usar da força estritamente necessária para por cobro às agressões de que estavam a ser alvo, para repor a ordem pública e, ao mesmo tempo, para consumar a detenção do suspeito de agressão ao polícia", sublinha o comunicado.

A PSP refere que, "na sequência desta intervenção há assinalar ferimentos em dois polícias e num civil". Fonte dos bombeiros disse ao "Jornal de Notícias" que cinco civis com ferimentos ligeiros foram transportados ao hospital.

BE exige responsabilidades. ASPP diz que imagens só mostram intervenção da PSP

A deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, partilhou um vídeo da intervenção policial no Bairro da Jamaica filmado por um morador.

"São 4 minutos de violência policial no bairro da Jamaica. Podem ir começando a pensar em desculpas mas não há explicação para isto. O Bloco vai exigir responsabilidades", escreve a deputada bloquista.

[atenção: o vídeo contém linguagem explícita]

Em declarações à Renascença, Joana Mortágua adianta que vai questionar o Governo sobre o que aconteceu no Bairro da Jamaica.

“Vamos fazer uma pergunta ao Governo para que se averiguem todos os factos. Eu não posso afirmar rigorosamente nada sobre as circunstâncias sem haver uma averiguação dos factos. O que eu posso afirmar é aquilo que qualquer pessoa consegue afirmar ao ver aquele vídeo. O vídeo mostra a Polícia a aproximar-se das pessoas e a partir para a agressão, sem que haja rigorosamente nada que o justifique", afirma a deputada.

“Aquilo que nós vimos é um homem de 63 anos a ser agredido por quatro polícias. Eu não consigo perceber que situação de perigo iminente, para os polícias ou para as pessoas à volta, é que se justifica que quatro polícias desatem aos murros a um homem de 63 anos que não está armado. Não consigo compreender”, sublinha Joana Mortágua.

O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, sublinha que as imagens só mostram a intervenção da Polícia e é preciso apurar o que aconteceu antes.

“Normalmente, as filmagens aparecem sempre só no momento em que há uma reação da Polícia, porque toda a história é que, por vezes, dita o resultado dessa intervenção. No fundo, é essa situação que é preciso ver”, afirma Paulo Rodrigues, em declarações à Renascença.

“A Polícia, se vai ao local para resolver um problema de ordem pública, tem que ter as condições para a resolver e garantir que a vai resolver. É evidente que não se pede que se ultrapasse os limites, agora é preciso também ver quais são os limites do outro lado. A Polícia só reagiu utilizando a força física porque era inevitável. É isto que é preciso clarificar”, sublinha.

[notícia atualizada às 19h40 - com as reações do BE e da ASPP]