“Fátima é também um lugar onde as várias maneiras de interpretar o mundo se confrontam”
06-06-2019 - 23:38
 • Aura Miguel

Responsável pelo Departamento de Estudos do Santuário de Fátima falou à Renascença à margem de um seminário na Sociedade de Geografia de Lisboa.

O desejo de peregrinar é um fenómeno histórico, complexo e está a ser discutido em Lisboa, no Seminário “Caminho de Peregrinações”.

Durante dois dias, vários especialistas e académicos aprofundam o assunto, na Sociedade de Geografia, e Fátima é incontornável nas suas diversas abordagens. Marco Daniel Duarte é um dos coordenadores e conferencistas.

Em declarações à Renascença, o responsável pelo Departamento de Estudos do Santuário de Fátima explica como “ao longo de um século, o fenómeno de Fátima pode ser descrito através de uma geografia psicológica, que abarca uma série de universos, desde o estar espalhada por todo o globo, mas também em universos espirituais simbólicos que extravasam a sua territorialidade”.

Exemplo disto são as dezenas de congregações religiosas que se consagram à Virgem de Fátima, noutros continentes fora da Europa, ou santuários dedicados a Nossa Senhora de Fátima, espalhados pelo mundo.

Marco Daniel Duarte acrescenta ainda outro tipo de territórios relacionados com Fátima, como o território político, “porque Fátima é também um lugar onde as várias maneiras de interpretar o mundo se confrontam”.

O responsável pelo Departamento de Estudos do Santuário de Fátima destaca ainda “a territorialidade social que faz com que a invocação de Nossa Sra. de Fátima apareça em ruas, em escolas, em hospitais, dê nome a jornais, a irmandades, a todo um tecido social que depois tem projeção também a nível económico, por exemplo, com lojas e hotéis que usam o nome dos pastorinhas, não só em Fátima mas por todo o mundo”.

Por último, e não menos importante, surge a dimensão intelectual da ação humana relacionada com Fátima.

“Quer queiramos, quer não, a ação humana dos séculos XX e XXI passa pelo fenómeno religioso e, dentro deste, Fátima tem uma presença muito significativa. Não se pode passar pelo fenómeno religioso dos séculos XX e XXI sem passar pelas fontes de Fátima: pela biblioteca imensa que Fátima produz, pelos arquivos espalhados por todo o mundo e por todo um trabalho intelectual de vários cientistas, desde a Antropologia à Ciência Política e que, deste modo, também criam um território intelectual”, acrescenta.