Com a Europa a arder, DiCaprio recorda Pedrógão e destaca luta de jovens portugueses
29-08-2022 - 10:48
 • Renascença

Numa publicação de Instagram, o ator e ativista ambiental ressalta processo de portugueses no Tribunal Europeu de Direitos Humanos "contra poderosos governos europeus".

Leonardo DiCaprio divulgou este fim de semana uma imagem dos marcantes incêndios de 2017 em Pedrógão Grande, para dar destaque à luta judicial iniciada por seis jovens portugueses no rescaldo dessa tragédia num tribunal europeu.

No instagram, o ator norte-americano e ativista ambiental publicou uma fotografia de Miguel Riopa em que se vê uma zona de Pedrógão negra, completamente consumida pelas chamas.

Na legenda, DiCaprio deu protagonismo aos "jovens de Portugal [que] estão a lutar contra poderosos governos europeus para proteger o seu país-natal e as suas vidas, que têm sido destruídos por condições meteorológicas extremas" e cujos "casos judiciais estão a ser ouvidos pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos".

A publicação foi feita no sábado, ao final de mais de um mês de violentos incêndios que têm assolado não só Portugal como Espanha e vários outros países europeus. Os jovens a quem DiCaprio se refere interpuseram o processo contra 33 países em 2020, sendo aconselhados pela Global Legal Action Network (Glan), que está a representar outros queixosos em processos semelhantes.

"Na sua litigância, financiada através de crowdfunding, estes jovens ativistas argumentam que a crise do clima interfere com o seu direito à vida, ao respeito e até a não serem discriminados", destaca o ator dois anos depois do arranque do processo. "O objetivo é vincular legalmente os governos a mais cortes nas emissões a nível local e internacional."

O grupo de queixosos é composto por duas crianças e quatro jovens adultos, entre eles Cláudia Agostinho, enfermeira de 23 anos que ficou destroçada ao ver o impacto do incêndio de Pedrógão na zona onde sempre passou férias desde pequena.

O grupo de jovens quer que o TEDH responsabilize 33 Estados, incluindo os 27 Estados-membros da UE, bem como o Reino Unido, a Noruega, a Rússia, a Turquia, a Suíça e a Ucrânia, e lhes exija que previnam a discriminação da juventude e protejam o direito das gerações futuras a existir ao ar livre e a viver sem ansiedade.

O caso foi aberto no tribunal europeu na sequência do mês de julho mais quente dos últimos 90 anos em Portugal à data -- um recorde que foi entretanto batido este ano -- e três anos depois dos devastadores incêndios florestais de 2017, que provocaram 120 mortos no país. Quatro dos queixosos são de Leiria, o distrito mais afetado por esses incêndios. Os outros dois vivem em Lisboa.

Até esta segunda-feira, tinham ardido 745 mil hectares na União Europeia desde o início deste ano, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).