"Quem é mafioso não vive como cristão", diz o Papa
15-09-2018 - 13:20

Francisco está de visita à Sicília. "Deixam de pensar em vós e no vosso dinheiro e convertam-se ao verdadeiro Deus de Jesus Cristo".

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O Papa Francisco elogiou este sábado, na Sicília o sacrifício do sacerdote Giuseppe Puglisi, assassinado pela mafia há 25 anos, e disse aos mafiosos que não são cristãos, durante a missa multitudinária que celebra em Palermo em memória do prelado.

"Não se pode acreditar em Deus e ser mafioso, quem é mafioso não vive como cristão, porque blasfema com a vida o nome de Deus", afirmou Francisco na homilia que pronunciou perante dezenas de milhares de fiéis reunidos no grande espaço verde do Foro Itálico.

"Hoje, precisamos de homens e mulheres de amor e não de homens ou mulheres de honra, de serviço e não de opressão, precisamos de homens e mulheres a caminhar juntos e não a usar o poder", alertou também Francisco.

"Deixam de pensar em vós e no vosso dinheiro e convertam-se ao verdadeiro Deus de Jesus Cristo", adiantou ainda.

O papa recordou que o padre Puglisi morreu há 25 anos no dia em que fazia 56 anos e que "coroou a sua vitória com um sorriso", numa alusão ao sorriso com que o sacerdote, conhecido por tentar tirar os jovens do crime organizado, recebeu o seu assassino quando o viu chegar e lhe disse que "o esperava".

"Aquele sorriso não deixa dormir de noite o seu assassino, que diz: havia uma espécie de luz naquele sorriso", referiu Francisco.

"O padre Puglisi sabia que se arriscava, mas sabia sobretudo que o verdadeiro perigo na vida é não arriscar e viver comodamente", adiantou Francisco, que apelou aos fiéis para se esquecerem do egoísmo seguindo o exemplo do sacerdote.

O papa instou ainda os fiéis a não se deixarem levar pelo ódio nem pelo rancor porque, afirmou, são "necessários homens de amor, homens de honra, homens de serviço, não de opressão".

"Se a litania mafiosa é 'tu não sabes quem sou eu', a cristã é 'eu preciso de ti'" e se a ameaça mafiosa é 'vais pagar-mas, a oração cristã é "senhor ajuda-me a amar", continuou o papa Francisco.

Depois da missa, o Papa Francisco deverá visitar uma missão laica que assiste pobres em Palermo, antes de se deslocar ao bairro Brancaccio da cidade, onde Puglisi era pároco.