Nuno Melo: ​"CDS é a única escolha possível para quem é de direita em Portugal"
28-02-2019 - 00:07
 • Eunice Lourenço (Renascença) e Helena Pereira (Público)

Nuno Melo acusa Santana Lopes de “clonar” o CDS e diz que o partido Aliança e o Chega! são apenas dissidências do PSD.

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Há cinco anos, Nuno Melo foi eleito eurodeputado numa lista conjunta com o PSD liderada por Paulo Rangel. Uma aliança que se justificava porque os dois partidos estavam a governar o país em coligação. Agora, em entrevista à Renascença e ao "Público", o cabeça de lista do CDS diz que o PSD mudou de orientação e só o CDS é de direita em Portugal.

Pelo que tem dito, neste momento seria impossível uma coligação com o PSD como aquela em que foi eleito há cinco anos.
Um partido existe para ir a votos por si, mas ninguém compreenderia que, em 2014, PSD e CDS não concorressem juntos nas europeias havendo coesão no Governo. Entretanto, as coisas alteraram-se. Hoje o CDS é a única escolha possível para quem é de direita em Portugal. O dr. Rui Rio já confessou que o PSD não é nesta liderança um partido de direita, o dr. Paulo Rangel explicou que ele próprio não é de direita. O CDS é. É um partido de centro-direita, não sente nenhum desconforto com ser-se de direita. Não tem nenhum constrangimento que o leve a esconder que é de direita, pelo contrário. Assume-se de corpo inteiro. O PS é um partido de esquerda, o PSD é um partido de centro.

E estamos a assistir ao surgimento de partidos de direita ou mesmo de extrema-direita, Aliança e Chega!.
Eu não confundiria novos partidos com dissidências do PSD. Se há um ano, Pedro Santana Lopes tivesse vencido as eleições internas no PSD ainda hoje o teríamos a gritar PPD-PSD. A Aliança não obedece a nenhuma vocação originária que justificasse a criação de um novo partido para um espaço que estivesse vazio ou fosse necessário à direita. Surge porque o dr. Santana Lopes perdeu as eleições. Ninguém, em política, acredita em milagres da transmutação. Ninguém acredita que uma pessoa que tem um percurso de vida desde 1974 até 2018 de repente num ano se transformasse numa realidade de direita e que para além do mais como se vê nos cartazes tenta na linguagem clonar muito daquilo que o CDS com coerência é desde 1974. O dr. Santana Lopes talvez não tenha percebido em tempo que encontraria no CDS talvez muito daquilo que hoje propala. O CDS é esse partido de direita desde 1974. E coerentemente não se alterou num ano. O mesmo vale para o outro partido que refere.

Quando se colocou a questão da sucessão de Paulo Portas acabou por não avançar e uma das suas justificações, senão mesmo a principal, foi o facto de não estar no Parlamento português. Agora é de novo candidato a eurodeputado. Isso quer dizer que coloca de parte qualquer ambição de liderar o CDS?

Isso era uma razão, mas a outra era avaliação de quem achou que Assunção Cristas estava em condições de fazer muito melhor do que eu, como se provou.

Acredita, tal como Assunção Cristas, que esta que pode ser primeiro-ministro?

Acredito que o CDS é hoje a única possibilidade para quem é de direita em Portugal. Está a haver uma reconfiguração política na Europa, mas também em Portugal. O PS pela primeira vez governa sozinho tendo perdido nas urnas. O PSD recolocou-se ao centro. Afasta de si uma conotação política de direita. Obviamente que, nesta conjuntura, e tendo havido um ciclo de crescimento o CDS é a oposição ao PS.

Não é um exagero achar-se que Cristas pode liderar um Governo?

Um partido deve ter em si a crença que pode ser a força política liderante do centro-direita. Não há de ser porquê? Não há hoje em dia inevitabilidades políticas e partidárias. O CDS está a fazer tudo para o merecer.