Visita do Papa. Seria "grande insensibilidade" não dar tolerância de ponto, diz Costa
27-04-2017 - 16:16

Para o primeiro-ministro "seria estranho se o Governo não tomasse essa decisão".

O primeiro-ministro considerou esta quinta-feira que seria uma "grande insensibilidade" se o Governo não concedesse tolerância de ponto a 12 de Maio, quando o Papa Francisco chega a Portugal para celebrar o centenário das aparições de Fátima.

António Costa falava aos jornalistas no final de um almoço debate promovido pela Associação dos Administradores e Gestores de Empresas, em Lisboa, depois de confrontado com a contestação de deputados do PS à concessão pelo Governo de tolerância de ponto nos serviços públicos a 12 de Maio, por ocasião da visita do Papa a Fátima.

"É natural que muitos portugueses desejem participar na visita do Papa Francisco a Portugal, um momento que distingue o país. Por isso, também é natural que o Governo dê tolerância de ponto para facilitar quem deseja participar nas cerimónias o possa fazer e diminuam as condições de congestionamento", começou por dizer.

Para o primeiro-ministro, pelo contrário, "seria estranho se o Governo não tomasse essa decisão".

"Tenho um grande à-vontade sobre esta matéria, porque não só defendo a laicidade, como não sou crente, mas respeito a crença dos outros e não ignoro que muitos portugueses perfilham a fé católica e que muitos portugueses desejarão estar em Fátima. Acho que seria uma grande insensibilidade da parte do Governo não o fazer, como temos feito em outras ocasiões", alegou o líder do executivo.

Confrontado com as críticas feitas a esta decisão do Governo pelo deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro, António Costa desdramatizou, argumentando que "as críticas são todas legítimas".

"Agora, a liberdade religiosa e a laicidade implicam também o respeito pelas crenças dos outros. Eu não sou crente, mas respeito as crenças dos outros", frisou.

Segundo a Lusa, o PSD e o CDS-PP concordam com a tolerância de ponto. Já o Bloco de Esquerda e o PCP não se opõem, lembrando que a decisão é da responsabilidade exclusiva do Governo, mas o secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, manifestou dúvidas devido à "separação entre as Igrejas e o Estado”.