​Evitar factos consumados no lítio
27-08-2019 - 06:16

Há quem defenda que o nosso país não pode desperdiçar a oportunidade de desenvolvimento que será a exploração de lítio. Mas também existe quem veja nessa exploração uma perigosa ameaça ambiental. Não são aceitáveis factos consumados.

No princípio de julho o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, garantiu na Assembleia da República que a exploração de lítio não avançará sem um estudo de impacte ambiental positivo. Estudo que deverá avaliar as consequências dessa exploração para a fauna e a flora.

Acrescentou então o ministro que “Portugal é um país rico num recurso que é absolutamente fundamental para a transição energética que é o lítio” (trata-se das baterias). Por isso foram definidas 12 zonas com elevado potencial para a existência de lítio. Dessa dúzia foram retiradas três áreas ambientalmente sensíveis – ficaram nove. Mas falta o tal estudo de impacte ambiental – ou haverá algum (que não é público) que já terá dado luz verde para as tais nove áreas?

No passado sábado cerca de 400 pessoas participaram na Torre, o ponto mais alto da Serra da Estrela, numa ação organizada por um grupo de cidadãos e associações ambientais contra a exploração de lítio em Portugal. Samuel Infante, da associação ambientalista Quercus, referiu que, se o Governo avançar com a campanha de exploração de lítio, “Portugal não vai conseguir cumprir a neutralidade carbónica”.

Parece que os contratos de explorações de lítio em Portugal estarão prestes a serem assinados. Há quem defenda que o nosso país não pode desperdiçar esta oportunidade de desenvolvimento. Sei de um autarca situado numa dessas nove áreas que está entusiasmado porque vão ser ali criados vinte postos de trabalho...

Mas também existe quem veja na exploração de lítio uma perigosa ameaça ambiental. Várias câmaras rejeitaram a mineração de lítio no seu concelho, como Braga, Fafe, Oliveira do Hospital, Caminha, Ponte do Lima, Viana do Castelo, Vila Nova da Cerveira, etc.

Cabe, assim, ao ministério do Ambiente esclarecer a opinião pública nacional sobre esta matéria controversa. Antes, e não depois, de o Estado português assumir quaisquer compromissos com empresas quanto à exploração de lítio no país. Não são aceitáveis factos consumados.