Marcelo: Não "é uma fatalidade que Portugal esteja votado a ser pobre"
11-03-2016 - 12:30

"Portugal precisa de quem recorde a coragem e a tenacidade dos portugueses", disse o Presidente da República, no Porto.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta sexta-feira, no Porto, que "é tempo de falar menos" do que "deprecia" Portugal e "falar mais" do que o que o país tem de melhor.

"Dos nossos defeitos falamos nós e falam outros por nós, em demasia", disse Marcelo, nos Paços do Concelho. "Portugal precisa de quem recorde a coragem e a tenacidade dos portugueses".

Apontando o Porto como uma cidade que "nunca cedeu ao desalento, ao pessimismo, ao derrotismo", o chefe de Estado afirmou ser "essencial" para todos "este sublinhado de virtudes, assumidos sem complexos e com desassombro".

"O que nos divide e diminui conhecemos todos, das ideias aos factos, ao comprazimento com as previsões erradas ou que vão errar, com os caminhos outrora sem saída ou que a não terão no futuro, como o júbilo perante as agruras ou os insucessos dos adversários", referiu, sublinhando: "É tempo de falar menos do que nos deprecia e falar mais do que nos valoriza".

Marcelo apelou ainda aos portuenses para que "jamais troquem a liberdade, o seu rigor no trabalho, os seus gestos de luta e de coragem por qualquer promessa de sebastianismo político ou económico".

"O futuro é obra de todos, não é dádiva de ninguém", disse.

O chefe de Estado pediu ainda para que os portugueses "nunca se rendam à ideia errada de que quase nove séculos de história ou de poder são obra do acaso, que é uma fatalidade que Portugal esteja votado a ser pobre, dependente, injusto, sem lugar para a vontade dos portugueses".

"Temos de acreditar em nós próprios e no que valemos e podemos" para que "as crises deixem de ser o único horizonte possível" e "para que seja possível, ao menos de quando em vez, abrir caminho ao sonho", disse.

No seu discurso, citando os escritores Sophia de Mello Breyner e Miguel Torga (já citado na intervenção de tomada de posse), Marcelo referiu características atribuídas às "gentes" do Porto, como "amor à liberdade, exemplo de trabalho e gosto de luta e de combate".