“Limitar os cursos em que os candidatos são talentosos e têm notas relevantes” não faz sentido, afirma o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior.
Em declarações à Renascença nesta quarta-feira, João Guerreiro defende que o sistema público de ensino deve aproveitar “os talentos que vêm do ensino secundário”.
“Devem ser acarinhados e acolhidos nas instituições do ensino superior”, sublinha.
É por isso que o grupo de trabalho criado pelo Governo para preparar as novas regras de acesso ao ensino superior sugere o aumento do número de vagas nos cursos com médias mais altas – são os chamados “cursos com ‘índice de excelência superior a 100’, isto é, aqueles em que todos os candidatos em 2018 entraram com média de 17 ou superior”.
O aumento de vagas nestes cursos deve ser transversal a todo o país, incluindo, portanto, o interior, onde as instituições “devem encontrar áreas temáticas, de especialização, de excelência”.
“A ideia é que nessas áreas seja possível aumentar o número de vagas e captar mais jovens”, refere João Guerreiro.
No litoral, o objetivo é proceder a uma “recomposição do número de vagas, de forma a privilegiar os cursos que têm uma capacidade de atração maior e, sobretudo, aqueles que se inserem em prioridades relacionadas com as exigências nacionais e o desenvolvimento nacional”.
Vão, assim, manter-se os cortes nas vagas nos cursos menos procurados em Lisboa e Porto e também em universidades do litoral.
As propostas da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior já estão refletidas na proposta de despacho do Governo e vai ser agora analisada pelos reitores e presidentes dos politécnicos.
Ao que a Renascença apurou, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos deverá reunir-se esta quarta-feira para analisar estas medidas.
O concurso de acesso ao ensino superior começa a 17 de julho.