Nunca antes mostrado. O que revelam os arquivos dos portos de Lisboa, Sesimbra e Setúbal?
09-06-2021 - 10:57
 • Maria João Costa

“Construção Naval – Arte como ofício de vida” é o nome da exposição que abre nesta quarta-feira ao público com fotografias de um antigo funcionário. As imagens revelam o trabalho de construção naval “na frente atlântica”. Para ver até ao final de junho.

No Dia Internacional dos Arquivos, que se assinala nesta quarta-feira, os portos de Lisboa, Sesimbra e Setúbal inauguram uma exposição que revela uma parte importante do espólio que guardam.

A mostra, intitulada “Construção Naval – Arte como ofício de vida”, reúne fotografias de José Manuel Arsénio, um antigo funcionário dos portos apaixonado por fotografia.

A exposição pode ser visitada até ao final de junho, no edifício do Arquivo dos Portos de Lisboa, Sesimbra e Setúbal, no Barreiro.

Em entrevista ao programa Ensaio Geral, da Renascença, Ricardo Medeiros, da administração dos portos, explica que a exposição “recupera muita da memória, da tradição e do trabalho que ainda hoje continua a ser feito, particularmente em Sesimbra, em torno da construção naval de embarcações tradicionais”.

Este administrador com o pelouro dos arquivos explica que José Manuel Arsénio, autor das fotografias expostas, está ligado aos portos. “Ele foi trabalhador da administração do porto de Setúbal e Sesimbra durante muitos anos”, diz Ricardo Medeiros, que classifica o trabalho deste fotógrafo amador como “muito vasto e interessante”.

As imagens revelam o trabalho de construção naval “na frente atlântica”, como a do porto de Sesimbra.

Ricardo Medeiros lembra que o ofício da construção de embarcações tradicionais de pesca “é um universo que não vai desaparecer, mas que já não tem o relevo que tinha há alguns anos”. Daí a importância de dar a conhecer este espólio fotográfico, que “não foi mostrado antes em exposição”, explica o administrador, acrescentando que se têm preocupado com a sua “preservação”.

Nos últimos anos, o arquivo dos portos de Lisboa, Sesimbra e Setúbal tem-se empenhado em digitalizar o acervo. “Temos um acervo muito rico e que queremos cada vez mais que seja conhecido”, refere Ricardo Medeiros. O administrador dos portos explica que começaram há já dois anos “um processo longo”, que querem continuar, de “digitalização de documentação”. Este tratamento do espólio permite maior “disponibilização” do arquivo ao público, reduz “o manuseamento, o que promove a conservação dos materiais por muito mais tempo”, indica Medeiros.

Em entrevista à Renascença, este responsável pelo arquivo explica que já têm “disponíveis mais de 35 mil desenhos e plantas”. Trata-se de um acervo que “permite ver a evolução destes territórios e das cidades portuárias na margem Norte do Tejo e na margem Sul, e a mesma coisa no estuário do Sado”.

Os portos de Lisboa, de Setúbal e de Sesimbra assinalam assim nesta quarta-feira o Dia Internacional dos Arquivos com a abertura da exposição, que poderá ser vista até 29 de junho, de terça a sexta, das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h00.

Além da exposição, a Câmara do Barreiro e a administração dos portos promovem um Ciclo de Dança, a partir das 21h00, nas instalações do Arquivo, uma iniciativa que conta com a participação de quatro grupos de dança, com coreografias de grupo e a solo.