As principais estruturas sindicais e associativas da PSP e da GNR marcaram para 21 de novembro uma manifestação conjunta que tem como objetivo pressionar o Governo a fazer o que prometeu nos últimos anos.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, Paulo Rodrigues, diz à Renascença que a recondução de Eduardo Cabrita na pasta da Administração Interna tornou o protesto inadiável.
“Durante quatro anos o Governo andou a prometer, andou a fazer o levantamento de problemas, andou no fundo a tentar perceber. Tendo em conta que se manteve o primeiro-ministro e o mesmo ministro da Administração Interna, então agora é o tempo de fazer. É o tempo de começar a resolver os problemas. Nesta altura está a começar a ser preparado o Orçamento de Estado para 2020 e pelas informações que temos não parece que haja grande vontade de resolver o conjunto de problemas que existem”, justifica.
Paulo Rodrigues diz que as reivindicações são muito semelhantes na PSP e na GNR e que os profissionais das duas instituições nunca estiveram tão desmotivados. Assim, uniram esforços para organizar aquela que querem que “seja a maior manifestação de policias que já ocorreu em Portugal”.
“Queremos porque estamos numa situação em que nunca estivemos, ao nível dos problemas, da desmotivação, e da revolta. Acho que é importante que o governo perceba que não pode continuar a menosprezar estes profissionais e a desvalorizar os problemas que têm posto em causa, inclusive o princípio de missão”, justifica.
Entre as queixas está o acentuado envelhecimento dos efetivos. Na PSP, por exemplo, a média de idades ronda os 45 anos, com tendência para aumentar no futuro. Neste capítulo, as estruturas sindicais acusam o Governo liderado pelo PS de ter ignorado o plano de recrutar anualmente tantos policias como os que deixava sair para a pré-reforma.
Os profissionais das duas forças de segurança queixam-se também de serem credores de cerca de 30 milhões de euros, relativos aos retroativos do corte dos suplementos em tempo de férias. O corte vigorou entre 2010 e 2019, e só foi levantado por ordem do Supremo Tribunal Administrativo – onde a ASPP ganhou o processo que tinha instaurado contra o Governo.
Até hoje, apesar do corte já não existir, ainda não foram pagos os retroativos a 2010.
Entre as razões para a convocação da manifestação do próximo mês, está também o facto de ainda não ter sido criado o subsídio de risco aprovado na Assembleia da República e até hoje ignorado pelo Ministério da Administração Interna.