​Sarmento critica Soares, mas reconhece: “Apeteceu-me dar dois murros no Carrilho”
12-04-2016 - 01:28
 • José Pedro Frazão

Caso das “bofetadas” no Facebook que levaram à demissão de João Soares do Governo esteve em destaque no programa “Falar Claro” da Renascença desta semana.

O social-democrata Nuno Morais Sarmento critica as ameaças de João Soares a dois comentadores, mas reconhece que, em tempos, apeteceu-lhe dar “dois murros” ao socialista Manuel Maria Carrilho.

O caso das polémicas “bofetadas” prometidas no Facebook, que levaram João Soares a demitir-se de ministro da Cultura, foi um dos temas em destaque na edição desta semana do programa “Falar Claro” da Renascença.

Nuno Morais Sarmento censura a atitude de João Soares. Considera que o ex-ministro da Cultura “esqueceu-se que já lá vai o tempo” de Carlos Candal, o falecido deputado socialista que escreveu um duro “Manifesto anti-Portas”.

O ultimato público a António Lamas, para que se demitisse da presidência do Centro Cultural de Belém (CCB), seguido do episódio das “bofetadas”, mostram da parte de João Soares “não uma falta de preparação, mas uma falta de cuidado e, porventura, uma intervenção com alguma ‘arrogância’ que não considerou nada disto”.

“Ou João Soares acha que ainda estamos num tempo ido em que as pessoas podiam ter intervenções com esta arrogância na intervenção ou então anda muito descompensado por qualquer outra razão pessoal ou profissional. E quando nós andamos maldispostos por alguma razão, às vezes, quem paga é a família”, diz Morais Sarmento.

Nesta edição do programa “Falar Claro” da Renascença, o socialista Vera Jardim lembra que todas as pessoas têm “estados de alma” e, “às vezes, apetece-nos dizer: ‘Eu até ia, fazia e acontecia àquele fulano porque que se portou mal comigo”.

Morais Sarmento concorda e lembra uma divergência antiga: “A mim, apeteceu-me dar dois murros no [Manuel Maria] Carrilho, quando fui ministro, pela maneira como ele [se comportou]”.

Vera Jardim retoma a palavra para dizer que, hoje em dia, “as condições de exercício do cargo” de um ministro, “a visibilidade, os Facebooks e tudo isso, exigem uma coibição de linguagem e João Soares não teve isso em atenção”.

O antigo ministro socialista lamenta o que se passou e acredita que, apesar de todas as condicionantes financeiras do Ministério da Cultura, João Soares “poderia ter sido um bom ministro da Cultura”.

“Tem bom perfil para isso”, conclui Vera Jardim, que elogia ainda as qualidades do novo titular da pasta, Luís Filipe Castro Mendes.