As autocracias tendem a receber mais eventos desportivos internacionais do que as democracias. O semanário britânico “The Economist” publicou os números que são a base desta coluna. Os eventos desportivos internacionais acolhidos por autocracias caíram de 36% em 1940-1988 para 15% em 1989-2012; mas depois disso subiram para 37%.
Esta recente tendência de subida explica-se por dois motivos.
Primeiro, os políticos que governam as autocracias gostam de melhorar a sua imagem no mundo servindo-se do desporto. Recorde-se que Alemanha nazi recebeu os jogos olímpicos de 1936. Os campeonatos mundiais de atletismo entre 1983 e 2011 realizaram-se em democracias; mas dos seis realizados depois, quatro aconteceram em autocracias.
O segundo motivo tem a ver com os custos. Nas autocracias as elevadas despesas que a realização destes eventos implica não são sujeitas ao controle dos cidadãos. O contrário se passa nas democracias, o que está a levar a que várias delas agora rejeitem receber grandes eventos desportivos, até porque boa parte dos investimentos realizados com vista a esses eventos têm escassa utilidade para as respetivas economias. O caso dos estádios é o mais flagrante.
A Rússia e a China estão entre as autocracias que mais procuram atrair grandes eventos desportivos internacionais.
Desde 2008 a Rússia acolheu uns Jogos Olímpicos e um campeonato mundial de futebol; e a China recebeu duas Olimpíadas.
Deve dizer-se que a última Olimpíada de Inverno calhou à China depois de quatro cidades em países democráticos terem recusado tal encargo.
Este é mais um ponto em que os políticos democráticos têm de pensar, antes de rejeitarem acolher importantes eventos desportivos. Além, naturalmente, de evitarem comparecer em eventos realizados em países com regimes autocráticos.