Esta quinta-feira foi um dia emotivo, admite António Sala à Renascença depois de ter sido condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique.
A cerimónia decorreu no salão dos embaixadores, no Palácio de Belém. António Sala diz que “foi um momento muito importante” da sua vida e recorda que “já era comendador da Ordem de mérito há 14 anos” e sente que “o país sabe, muitas vezes, na altura própria, prestar o tributo ao esforço e dedicação e ao produto de uma equipa, de um coletivo”.
António Sala faz questão de “repartir o prémio” por todas as pessoas que passaram pela sua vida profissional.
Esta figura maior da história da rádio acrescenta que a condecoração chega “numa altura incrível”, quando assinala os 60 anos de carreira e simultaneamente faz 75 anos de vida.
Este vai ser um ano de festa para António Sala, para assinalar “um número redondo, uma data bonita” e vão acontecer vários eventos, dos quais destaca “um espetáculo musical, teatralizado feito com grandes bailarinos, grandes músicos, grandes cantores, grandes atores” que contam a vida de António Sala. A estreia vai acontecer no Casino Estoril, no salão Preto e Prata e depois o espetáculo vai percorrer o país.
Vão ainda ser lançados dois livros da sua autoria, um de crónicas e outro de viagens e já na reta final de 2024, em outubro ou novembro, assinala-se a abertura oficial do Museu da Rádio e Comunicação na Parede, no concelho de Cascais, que leva o nome de António Sala.
Sala “angustiado” com crise na comunicação social
Questionado pela Renascença sobre a crise que atualmente afeta a comunicação social, António Sala admite que os “tempos são difíceis” e que “enquanto homem da comunicação” fica “angustiado” com o que está a acontecer com “colegas em diferentes estações de rádio, em jornais, em revistas”.
Reconhece que os tempos são de mudança, especialmente do ponto de vista tecnológico, promovendo “novas formas de trabalhar em que a componente humana, por vezes, serve de joguete e que tem de criar a sua habituação a processos diferentes e isso faz com que empresas, desde que não sejam bem geridas, possam naufragar, o que é um perigo para tanta gente”.
António Sala não quer que o poder interfira na comunicação social, mas considera que “deve ter um olhar muito atento e que em determinadas alturas deve ter uma palavra, deve tentar encontrar caminhos para que as soluções se possam materializar”.
António Sala deixa, no entanto, um aviso aos políticos para que qualquer iniciativa não seja feita “de uma forma a que a comunicação social possa ficar refém dessa bondade”.