Nova marcha em Washington, mas agora contra o aborto
27-01-2017 - 11:52
 • Filipe d'Avillez

Desde 1974 que dezenas ou centenas de milhares de pessoas caminham todos os anos em protesto contra a decisão do Supremo Tribunal que legalizou o aborto. Este ano Mike Pence estará com eles.

Esperam-se novamente centenas de milhares de pessoas em Washington esta sexta-feira, mas o alvo dos manifestantes desta vez não é Donald Trump, sendo que o vice-presidente Mike Pence até vai discursar.

A Marcha pela Vida acontece todos os anos na capital dos Estados Unidos por volta do aniversário da data em que o Supremo Tribunal tornou o aborto legal em todo o país. Esta é a 43.ª vez que a marcha ocorre. Ao longo destes dias várias outras marchas têm lugar em diferentes estados.

Apesar das temperaturas baixas que se registam nesta altura do ano em Washington D.C., a marcha tem atraído multidões na ordem das centenas de milhares. Estima-se que mais de metade dos presentes são menores de 30 anos.

Ao longo dos últimos oito anos Barack Obama ignorou a marcha, mas com uma nova administração republicana o movimento pró-vida volta a ter aliados na Casa Branca. Esta sexta-feira irá discursar Mike Pence, o vice-Presidente, que, ao contrário de Donald Trump, tem um registo histórico de oposição ao aborto.

O aborto foi legalizado a nível federal em 1973 com a decisão do Supremo Tribunal Roe v. Wade. Os juízes concluíram que a proibição do aborto equivale a uma violação do direito constitucional à privacidade.

Aqueles que discordam da lógica dos juízes depositam esperança nas nomeações que Donald Trump terá de fazer para o tribunal. Neste momento há uma vaga, após a morte do juiz Antonin Scalia, mas este era um dos principais conservadores. Contudo, outros dois juízes têm 80 anos ou mais, com um terceiro a completar este ano 79, pelo que é plausível que a administração Trump tenha de nomear mais juízes durante os próximos quatro anos, com a probabilidade a aumentar no caso de um segundo mandato. Uma vez nomeados, os juízes servem até à morte ou até decidirem resignar.

Uma eventual reversão de Roe v. Wade não proibiria o aborto nos EUA só por si, mas devolveria a questão à autoridade dos Estados, sendo provável que alguns o proibissem automaticamente, mas outros não.