Eurodeputado socialista Pedro Marques “furioso” e “enojado” com o “Qatargate”
13-12-2022 - 10:55
 • Fábio Monteiro , Olímpia Mairos

Pedro Marques exige que o caso seja investigado até às últimas consequências. E se se confirmar que houve corrupção de algum Estado do Golfo defende “sanções duras”.

O eurodeputado do Partido Socialista Pedro Marques mostrou-se esta terça-feira “furioso” e “enojado” com o alegado caso de corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais ligado a suspeitas de que o Qatar - anfitrião do Mundial de Futebol - terá tentado influenciar decisões políticas e económicas no Parlamento Europeu.

O caso batizado "Qatargate" já levou à detenção de Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu.

“Da nossa parte, estamos furiosos com esta situação. Eu, pessoalmente, também quero dizer isto, estou enojado com a situação. É demasiado mau. Já conhecíamos as sistemáticas alegações de corrupção na atribuição do Mundial ao Qatar, são bem conhecidas, estão a ser investigadas há muitos anos, nomeadamente por autoridades francesas e outras, e agora, aparentemente, também aqui, a corrupção da própria instituição simbólica, digamos, de uma das principais instituições da democracia europeia, aqui o Parlamento Europeu”, disse esta manhã o eurodeputado.


Pedro Marques acredita que as instituições farão a análise do que se passou, lembrando que os socialistas e democratas decidiram “imediatamente, primeiro, suspender e agora mesmo expulsar a deputada que terá estado envolvida nestas acusações, que já foi presa em flagrante delito no contexto destas acusações”.

“E pedimos, eu próprio, pessoalmente, em nome do meu grupo, pedi aos meus colegas que têm algum elemento das suas equipas envolvidos nas investigações que suspendessem as suas funções, que têm no Parlamento Europeu ou mesmo no caso de um deles, que suspendesse a sua pertença ao grupo dos socialistas e democratas, coisa que já aconteceu”, acrescentou.

“Unidos contra ameaça de corrupção”

O socialista diz que foi pedida uma comissão de inquérito exaustiva da parte do Parlamento Europeu e que também será feito “um inquérito interno, naturalmente, sobre todos os procedimentos adotados até agora”.

“E vamos constituir-nos como parte ofendida, como assistentes do processo judicial, porque consideramos que, a confirmar-se esta corrupção, poderemos ter sido lesados enquanto grupo nesta situação, pela ação de alguns deputados ou assistentes”, adianta.

Segundo Pedro Marques, “as instituições europeias devem agir”, lembrando que o Presidente do Parlamento Europeu já disse, em nome do Parlamento, e a generalidade dos grupos políticos, que vamos agir unidos contra esta ameaça de corrupção da nossa instituição, da nossa democracia”.

“Espero que as outras instituições façam o mesmo”, diz, destacando que se “no fim, se confirmar que houve aqui de facto corrupção de algum Estado do Golfo, que é o que temos aqui de indicação da parte das autoridades belgas, em particular do Qatar, queremos ver sanções duras relativamente a estes estados que tentaram, se isto se vier a confirmar, volto a dizer, corromper a democracia europeia”.

“É demasiado grave. Não pode passar também sem consequências para estes Estados”, defende.