O europeísta António Costa
14-05-2019 - 06:40

A boa imagem de António Costa em Bruxelas servirá a este para ganhar votos nas eleições legislativas de outubro.

O primeiro-ministro português está com a imagem em alta na UE. O “Financial Times” até indicou A. Costa como um nome possível para presidir ao Conselho Europeu, sucedendo a Donald Tusk. A. Costa já desmentiu estar interessado num lugar comunitário, mas não abdica de participar ativamente nas escolhas a fazer depois das eleições para o Parlamento Europeu (PE).

Na semana passada, num Conselho informal na Roménia, perspetivou-se a formação de um novo bloco no futuro PE, agrupando socialistas de Portugal, Espanha e também da Grécia (o partido de Tsipras…), sociais-democratas da Suécia e Finlândia, e ainda liberais como os partidos de Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda, e o de Macron, Presidente da França.

O prestígio de António Costa na Europa tem muito a ver com o cumprimento das metas de Bruxelas e a consolidação das contas públicas portuguesas, apesar de o seu governo ser apoiado pelo PCP, que detesta a UE, e pelo Bloco, que quer uma outra União. Estes dois partidos não mudaram um milímetro nas suas posições hostis à integração europeia, mas apoiaram e apoiam o mais europeísta dos partidos portugueses, como o PS se auto classifica. Um paradoxo que há quatro anos me parecia dificilmente concretizável.

O socialista francês e comissário europeu S. Moscovici elogiou a firmeza de Costa na manutenção do caminho para a eliminação do défice orçamental português (tal caminho incluiu proclamar o fim da austeridade, quando ela se mantinha, embora disfarçada, mas essa é uma outra questão). Os mercados aplaudiram, mantendo em níveis historicamente baixo os juros da nossa dívida pública.

A posição europeísta de Costa foi certamente reforçada pela escolha de M. Centeno para presidir ao Eurogrupo. Em contrapartida, a importância de Centeno para Costa aumentou.

Pena é que António Costa, que começou por dizer que a campanha para as eleições europeias deveria prioritariamente abordar questões da UE, como a união monetária, tenha transformado essa campanha num teste à aceitação do seu governo pelos portugueses – aparentemente porque a campanha europeia do PS não estava a correr bem. Por exemplo: o cabeça de lista do PS falou na necessidade de combater o “diretório franco-alemão”; não terá reparado em que as relações entre Macron e Merkel estão no ponto mais baixo de sempre.

Agora, o mais provável é que A. Costa use a sua boa imagem na UE como um trunfo para as eleições legislativas, das quais as europeias não passarão, em Portugal, de um ensaio meramente interno.

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