Papa disposto a ir ao Canadá encontrar-se com indígenas
27-10-2021 - 14:18
 • Filipe d'Avillez

Durante décadas crianças tribais foram enviadas para colégios internos geridos por comunidades religiosas, onde eram obrigados a renegar as suas tradições, cultura e língua.

O Papa Francisco está disposto a ir ao Canadá para se encontrar com as comunidades indígenas, no contexto de um processo de reconciliação entre a Igreja Católica e as tribos presentes naquele território.

A decisão do Papa segue-se às recentes polémicas com a descoberta de valas comuns em escolas para crianças indígenas que existiram durante décadas no país e onde se praticavam abusos e atos de violência em larga escala.

As valas contêm os restos mortais de crianças que morreram sobretudo no início do Século XX, na sua maioria de causas naturais, mas as descobertas reabriram feridas antigas nas comunidades indígenas cujos filhos eram enviados para estas escolas com o intuito de as educar segundo as normas ocidentais, proibindo quaisquer expressões culturais ou linguísticas tribais.

As escolas eram financiadas pelo Estado, mas na sua grande maioria eram geridas por comunidades religiosas, incluindo da Igreja Católica.

Na sequência da polémica os bispos do Canadá fizeram um pedido de desculpas formal às comunidades indígenas daquele país e fizeram chegar à Santa Sé a vontade dos representantes tribais de se encontrarem com o Papa, para escutar da sua boca uma admissão de culpa.

A nota publicada esta manhã no boletim diário da Santa Sé dá conta da luz verde de Francisco. “A Conferência Episcopal do Canadá convidou o Santo Padre a fazer uma viagem apostólica ao Canadá, também no contexto do longo processo pastoral de reconciliação com os povos indígenas”, lê-se.

“Sua Santidade indicou a sua disponibilidade para visitar o país, numa data a combinar”, conclui-se.

A confirmar-se, esta será a primeira viagem do Papa Francisco ao Canadá. O Papa esteve já nos Estados Unidos em 2015 e no México em 2016.

Durante o verão, na sequência da descoberta das campas, o Papa condenou firmemente o "modelo colonizador" que permitiu estes abusos no Canadá.