​Eutanásia
29-12-2017 - 06:19

A eutanásia entrou para o topo da lista de temas fracturantes.

O sociólogo Moisés Espírito Santo (MES), um dos "especialistas"citados pela esquerda portuguesa, defende que "o Estado não se deve intrometer porque a eutanásia não traz prejuízo a ninguém".

Espírito Santo (o sociólogo) acrescenta também a sua análise teológica, "demonstrando" que a Bíblia "está a favor" da eutanásia ("É melhor a morte do que uma vida sem proveito", lê-se no Livro Sirácida).

A fraqueza de "teologia" de MES não é surpreendente: a citação "avulsa" de versículos da Bíblia é a forma mais fácil de justificar qualquer posição política, económica, social, etc. A mensagem da Bíblia tem de ser entendida no seu conjunto, um princípio básico conhecido como "analogia da fé".

O que mais surpreende em MES é que um sociólogo — um académico treinado na análise das relações entre os membros de cada sociedade — seja capaz de afirmar que "a eutanásia não traz prejuízo a ninguém". Em que planeta vive MES? Como afirma Carine Brochier, directora do Instituto Europeu de Bioética, "a pessoa é um ser de relações, não estamos sozinhos numa ilha.”

Existe outro argumento a favor da eutanásia, o argumento do valor radical da liberdade: "eu faço o que quero e ninguém me pode impedir de me suicidar". Os termos deste debate são mais complicados, pois a natureza profunda do dom da liberdade é facilmente confundível com "imitações baratas".

Espero poder escrever sobre essa outra dimensão em tempo oportuno. Por hoje, fico com esta moção de protesto contra sociólogos como MES:

Afirmar que o suicídio — assistido ou não assistido — é uma decisão que não interessa a ninguém para além do próprio, que "não traz prejuízo a ninguém", mostra uma fundamental falta de seriedade intelectual e honestidade política.