​Boticas aprova moção contra o lítio. "Só contribuirá para a desertificação da região"
19-12-2019 - 12:50
 • Olímpia Mairos

Deputados da Assembleia Municipal de Boticas consideram que a exploração de lítio vai provocar “descaracterização" e causar "danos irreversíveis tanto na paisagem, como na fauna e na flora, bem como na vivência das populações”.

A Assembleia Municipal de Boticas aprovou uma moção, apresentada pelos deputados municipais do PSD, através da qual a Assembleia manifesta a sua concordância com a atuação da Câmara Municipal e o do seu presidente relativamente à exploração de lítio na área do concelho, “pugnando pela defesa dos interesses da nossa população e muito concretamente da população da Freguesia de Covas do Barroso”.

Desta forma, a Assembleia Municipal assume uma posição “contra a exploração de lítio”, argumentado que a mesma “só contribuirá para a desertificação da região, provocando a descaracterização e causando danos irreversíveis tanto na paisagem, como na fauna e na flora, bem como na vivência das populações”.

Para os deputados municipais, a “estratégia do Governo para a valorização do potencial de minerais de lítio, a pretexto da descarbonização, não pode ser alcançada às custas destes territórios de baixa densidade, mas orgulhosas da sua ruralidade e intrinsecamente ligadas à exploração do melhor que a terra produz, daí advindo o seu maior tesouro, que mereceu reconhecimento por parte da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que classificou esta região como Património Agrícola Mundial”.

“O Governo tem de entender que esta forma de atuação só contribuirá para a desertificação da região, provocando a descaracterização de uma área significativa do concelho e causando danos irreversíveis tanto na paisagem, como na fauna e na flora, assim como na vivência das populações”, lê-se no texto aprovado por larga maioria e que contou apenas com a abstenção do representante da CDU.

A moção aprovada na Assembleia Municipal de Boticas foi enviada ao Presidente da República, primeiro-ministro, ministro do Ambiente, grupos Parlamentares na Assembleia da República, Direção-geral de Energia e Geologia, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N) e Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).