António Costa declara "calamidade pública", situação "vai repetir-se"
16-10-2017 - 02:36

Primeiro-ministro esteve reunido na Autoridade Nacional de Protecção Civil já esta madrugada.

O primeiro-ministro esteve reunido na Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) para se inteirar sobre a situação dos incêndios. Confirmou que havia, pelo menos, cinco mortos, vários feridos e alguns desaparecidos (o número de vítimas foi, entretanto, actualizado) e confirmou a declaração de calamidade pública para parte do país.

António Costa começou por "apresentar condolências às famílias das vítimas, solidariedade com as populações afectadas" e deixou palavra de "alento para com os bombeiros".

Foi um "dia muito difícil" em que houve 523 incêndios, informa o governante. "E numa fase obviamente do ano em que, quer pelas condições normais do clima, quer pela própria disponibilidade das pessoas, é mais difícil mobilizarmos os recursos. Vamos seguramente [hoje] ter ainda um dia muito difícil. As previsões da evolução meteorológica podem permitir alguma esperança nas zonas do litoral, mas relativamente às zonas do interior vamos ter ainda níveis muito elevados de risco de incêndio ao longo de todo o dia", advertiu.

Costa, que esteve pouco mais de uma hora na sede da ANPC, confirma que foi declarada "calamidade pública" em todos os distritos a norte do Tejo para ajudar ao combate às chamas.

"Foi assinado por mim e pela senhora ministra da Administração interna um despacho de calamidade pública em todos os distritos a norte do Tejo, tendo em vista criar as melhores condições da mobilização de meios e, em particular, para assegurar aos bombeiros voluntários os seus direitos a participarem nesta missão, assegurando a justificação das faltas nos locais de trabalho e dois dias de descanso por cada um em que estiverem a participar no combate aos incêndios", justificou.

O governante, com a ministra da Administra Interna ao lado, garantiu que Constança Urbana de Sousa tem "naturalmente, condições para ficar" no cargo e acrescentou que "é infantil pensar que consequências políticas significa demissões".

Costa acredita que situações como a de hoje se vão repetir: "Se julgam que há alguma solução mágica que produz efeitos da reforma da floresta, estão enganados. Não vale a pena iludir os portugueses que se vai resolver um problema que se acumulou ao longo de décadas".

"A principal consequência política num Governo é fazer aquilo que falta fazer", contrapôs.

Interrogado se o Presidente da República não deixou implícita a defesa de mudanças no Governo como consequência política a retirar das tragédias ocorridas com incêndios florestais deste ano, o primeiro-ministro rejeitou essa interpretação.

"Acho que não. Acho que os portugueses querem uma atitude madura", defendeu.

António Costa deu depois como exemplo de "atitude madura" o processo no Parlamento que levou à constituição da Comissão Técnica Independente aos incêndios em Pedrógão Grande e Góis, cujo relatório foi divulgado na passada quarta-feira.

Pelo menos seis pessoas morreram, pelo menos uma está desaparecida e pelo menos 25 ficaram desaparecidas após um domingo de muitos incêndios.